São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Painel

RANIER BRAGON (interino) - painel@uol.com.br

Mais barulho

A polêmica sobre a legalidade de punir a tortura contra presos políticos nos anos 60 e 70 terá novo capítulo: todos os procuradores-regionais da União divulgam hoje nota conjunta em defesa do parecer da AGU (Advocacia Geral da União) que considera perdoados, pela Lei da Anistia, os crimes de tortura cometidos no regime militar (1964-1985).
Diretamente subordinados ao advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli, os procuradores dirão que "é necessário compreender a posição da AGU em defesa das leis e da Constituição". Ontem, o fórum da advocacia pública também saiu em defesa do órgão comandado por Toffoli, que sofre pressão de três ministros do governo Lula para reformular o parecer.



Em coro. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Cezar Britto, engrossa a corrente contrária ao parecer da AGU. "Tortura não é crime político, é crime de lesa-humanidade. E anistia não é amnésia", afirma.

No limite. Delegados e investigadores da Polícia Federal comentavam ontem que a ação contra os condutores da Operação Satiagraha é fruto da divisão que se estabeleceu na corporação: de um lado, aliados do diretor Luiz Fernando Corrêa; do outro, a ala do antecessor Paulo Lacerda.

É do time 1. Primeiro político com decisão judicial de afastamento devido às investigações da Operação Parasitas, o prefeito reeleito de Uberaba (MG) e ex-ministro do governo Lula, Anderson Adauto (PMDB), conseguiu levar R$ 7,3 mi em convênios com a União desde 2005.

É do time 2. Adauto, investigado por suspeita de fraude em contrato na saúde, venceu a eleição se auto-intitulando o candidato de Lula. Na TV, exibiu declarações em que Nelson Jobim (Defesa) afirmava que ele "sabe fazer".

Em baixa. Entre os grandes bancos privados do país, o Unibanco foi aquele cujas ações haviam registrado neste ano as maiores perdas na Bovespa. Até o último pregão antes do anúncio da fusão com o Itaú, seus papéis mais negociados acumulavam queda de 42%, contra 34% do Itaú e 32% do Bradesco.

Encolhimento. Segundo a consultoria Economática, o Unibanco perdeu 70% de seu valor de mercado, medido em dólares, de janeiro a outubro. Bancos que operam nos EUA, centro da crise, como Citibank e Merrill Lynch, tiveram perdas inferiores a 50%.

Corte 1. A bancada paulista reduziu de três para duas as emendas coletivas ao Orçamento da União que o governador José Serra (PSDB) tem direito de propor. Trata-se de um desfalque de cerca de R$ 30 mi, dinheiro que agora poderá ser utilizado livremente pelos congressistas paulistas para agradar suas bases.

Corte 2. Chegou-se a avaliar a eliminação de todas as emendas de Serra, além de duas do prefeito Gilberto Kassab (DEM), mas tucanos e demos bateram o pé. Coordenador da bancada paulista, o petista Devanir Ribeiro diz que a redução ocorreu porque o governador "tem força política" para buscar recursos, enquanto prefeitos do interior dependem das emendas que são feitas ao Orçamento.

Bandeira. Michel Temer (PMDB) já escolheu o slogan da campanha à presidência da Câmara: "O primeiro Poder do Estado é o Legislativo". Ele nega se tratar de alfinetada no Executivo ou no Judiciário.

Ampulheta. O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) estreou um site na internet com uma "contagem regressiva": "Lula sai em 786 dias", anunciava ontem.

Visita à Folha. Petrônio Corrêa, presidente do CENP (Conselho Executivo das Normas-Padrão), entidade do mercado publicitário, visitou ontem a Folha.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Caiu por terra o falso moralismo dos tucanos paulistas, que tanto reclamam de loteamento e fisiologismo no governo federal."

Do deputado estadual ENIO TATTO (PT), sobre a negociação de PV e PMDB por cargos no governo do Estado de São Paulo como compensação por terem apoiado a reeleição de Gilberto Kassab (DEM).

Contraponto

Quentinha

Durante visita a Cuba, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queria almoçar no "La Bodeguita del Medio", tradicional restaurante de Havana. Quando se preparava para sair, foi chamado para um encontro de última hora com ex-ditador Fidel Castro, o que acabou lhe consumindo as duas horas seguintes.
No aeroporto, de partida para o Brasil, Lula reclamou com um assessor:
-Não acredito que vou embora sem passar no La Bodeguita... Mas sabe o que é pior que isso? Minha assessoria nem se lembrou de pegar um "marmitex" pra mim!


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