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NOVO MANDATO
Medida visa atrair empresas e está sendo estimulada pela revisão de incentivos fiscais que haverá no RS
Estados travam "batalha' de impostos
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local
Na semana passada, representantes do governo baiano estiveram na região próxima de Gramado, no Rio Grande do Sul, onde se
concentram fabricantes de móveis, com uma proposta.
As empresas que se mudarem
para a Bahia, disseram, poderão
contar com uma série de incentivos fiscais, como o adiamento do
pagamento de até 75% do ICMS
(Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços).
Representantes do futuro governador de Santa Catarina, o senador
Esperidião Amin, também têm
procurado atrair para seu Estado
empresas que estão -ou estavam- analisando a possibilidade
investir no Rio Grande do Sul.
Amin estaria garantindo incentivos para essas companhias.
²
Rio Grande do Sul
A investida desses governos estaduais em território gaúcho é fácil
de entender: o governador eleito
do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, já anunciou que pretende rever
a política de concessão de incentivos fiscais para empresas que se
instalam no Estado.
Dutra considera que esses incentivos são lesivos aos cofres públicos (reduzem a receita do Estado)
e poderá eliminar os estímulos fiscais para quem queira investir no
Rio Grande do Sul.
Essa é a mais recente rodada da
chamada guerra fiscal, na qual os
governos estaduais concedem incentivos para atrair empresas.
Nos últimos quatro anos, intensificou-se a disputa por grandes
investimentos empresariais, sendo
que os Estados passaram inclusive
a financiar esses investimentos,
como forma de geração de empregos, por exemplo.
A expectativa de especialistas em
tributação é que haverá uma intensificação ainda maior da guerra fiscal nos próximos anos por causa
da reforma tributária, encaminhada na semana passada ao Congresso pelo Ministério da Fazenda.
Pela proposta de reforma, os Estados não vão poder mais conceder incentivos com base no ICMS.
²
Sem legislar
O projeto do Ministério da Fazenda estipula que os Estados vão
perder o direito de conceder isenções do pagamento do novo ICMS
(que vai substituir o atual imposto,
incorporando outros tributos),
disse o ex-ministro da Fazenda,
Mailson da Nóbrega, que acompanhou de perto a elaboração da proposta de reforma tributária.
Hoje, a isenção e o parcelamento
do pagamento do ICMS são um
dos principais recursos usados pelos governos estaduais para atrair
empresas.
O Paraná, por exemplo, permite
que a empresa que se instale no Estado não pague o ICMS por quatro
anos e depois disso financia o recolhimento do imposto por mais
quatro anos.
No caso de Minas Gerais, o prazo
para que a empresa pague normalmente o imposto pode chegar a 10
anos.
Se o projeto de reforma tributária for aprovado integralmente, caberá apenas à União legislar a respeito do ICMS (os Estados continuarão arrecadando e administrando o imposto).
Isso significa que a guerra fiscal
da forma como é praticada hoje
deverá terminar em alguns anos
-calcula-se que a reforma tributária só entre em vigor no ano 2001
ou depois disso.
²
ICMS "velho"
A expectativa de que os incentivos fiscais com base no ICMS vão
ser extintos deverá estimular Estados e empresas a procurar apressar
seu uso enquanto isso é possível.
De certa forma, foi isso o que
ocorreu recentemente no Rio
Grande do Sul. A Assembléia Legislativa do Estado apressou a
aprovação de projetos que concedem incentivos a três empresas
(General Motors, Dell Computer e
Gerdau) no dia 21 último por temer que, ao assumir, Dutra mudasse esses projetos.
Não serão alterados os incentivos já concedidos pelos Estados,
como os projetos que beneficiaram as montadoras de veículos
Ford no Rio Grande do Sul, Renault no Paraná e Mercedes-Benz
em Minas Gerais.
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