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SEGUNDO MANDATO
PMDB e PFL querem adiar novo ministério, mas presidente pretende mostrar que manda no governo
FHC decide definir equipe antes da posse
MARTA SALOMON
da Sucursal de Brasília
A decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de começar
o segundo mandato com uma nova equipe é uma resposta à preferência manifestada pelo presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, pelo adiamento para fevereiro da reforma ministerial.
O gesto deverá servir para mostrar que quem manda no governo é
ele, FHC.
O presidente ouviu conselhos
aferidos em pesquisas de opinião
pública e preocupações de seu partido, o PSDB, para que não se rendesse à vontade dos aliados do PFL
e do PMDB, os dois maiores partidos da base política do governo.
ACM vinha defendendo a montagem do ministério do segundo
mandato apenas em fevereiro,
atrelada às eleições para o comando da Câmara e do Senado.
Além de garantir sua reeleição na
presidência do Senado e a do peemedebista Michel Temer à presidência da Câmara, ACM argumentava que o debate sobre o rateio do
poder poderia ameaçar a votação
do aumento da CPMF (imposto do
cheque), um dos pilares do ajuste
fiscal, prevista para janeiro.
²
Sem esperar
"Acho que é mais importante para o Brasil agora votarmos o ajuste
fiscal", disse o senador em entrevista à Folha, publicada na terça-feira. No dia seguinte, FHC informava ao presidente do PFL, Jorge
Bornhausen, que preferia não esperar: tomaria posse com um novo
ministério.
O desenho da Esplanada no segundo mandato de FHC começou
a ganhar um contorno mais definido durante a semana passada.
Além do Ministério da Produção, o presidente já se decidiu sobre a criação do Ministério do Desenvolvimento Urbano, responsável por investimentos de R$ 40 bilhões em projetos de habitação e
saneamento até o fim do mandato.
A previsão de investimentos soma dinheiro do Orçamento, do
FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), da Caixa Econômica Federal, de empréstimos externos e até do setor privado, segundo
as metas definidas pelo programa
de governo de FHC. Um pefelista
irá para o ministério. O líder do
partido na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), está em campanha para
o cargo.
²
Produção
Se vingar o formato mais robusto
do Ministério do Desenvolvimento Urbano, que inclui a interferência sobre a Caixa Econômica Federal, a pasta rivalizará em importância com o polêmico Ministério
da Produção, cuja criação foi reconfirmada pelo presidente.
O formato desse último não prevê mais o comando sobre o Banco
do Brasil, mas reserva sob sua estrutura o BNDES, com orçamento
anual de investimento na casa dos
R$ 18 bilhões, além de outros bancos regionais, como o Banco da
Amazônia e o Banco do Nordeste.
O terceiro superministério do segundo mandato de FHC, produto
da fusão dos ministérios dos
Transportes, das Comunicações e
de Minas e Energia e prometido ao
PMDB, só deverá ser criado no ano
que vem.
A pasta ainda depende da criação
de uma agência que passará a regulamentar e fiscalizar os serviços
de transportes, com exceção dos
transportes aéreos. O projeto da
agência deverá ser encaminhado
ao Congresso no início do ano.
Já está decidido que a gestão das
universidades federais será transferida do Ministério da Educação
para o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Outra mudança importante reforçará o cacife do Ministério da
Agricultura, que comandará também projetos de irrigação vinculados atualmente ao Ministério do
Meio Ambiente.
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