São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO A 2002
Para cúpula do partido, eleição interna aumentaria "legitimidade"
PT aposta em prévias para reforçar candidatura Lula

Sérgio Lima - 10.nov.2000/Folha Imagem
Lula (PT), que pode se candidatar à Presidência pela quarta vez


FÁBIO ZANINI
THOMAS TRAUMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A direção do PT aposta nas prévias internas para reforçar a quarta candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
A cúpula petista espera que uma vitória convincente de Lula na eleição interna, que poderá ter até 500 mil eleitores, una o partido em torno do candidato, ganhe espaço nos meios de comunicação e, principalmente, demonstre aos não-petistas que a campanha de 2002 será diferente das derrotas anteriores.
É uma nova postura. Anteriormente, a Executiva do PT via a possibilidade de prévias com desconfiança e como um desafio à liderança interna de Lula.
Agora, com a disputa interna considerada fato consumado, o discurso da cúpula, que é majoritariamente pró-Lula, é que o candidato vai ganhar "legitimidade" nas prévias de outubro.
Embora seja dado como certo, o anúncio da pré-candidatura de Lula só deverá ocorrer em março. Por enquanto, apenas o senador Eduardo Suplicy (SP) se lançou.
A direção do PT estimula o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque a também disputar as prévias. Buarque ainda não respondeu oficialmente, mas tende a ser pré-candidato.

Sem ataques
A eleição do candidato petista deve ocorrer em outubro por voto direto de todos os filiados ao PT. As regras serão definidas em maio pelo partido.
Nas eleições de 89, 94 e 98, Lula decidiu ser candidato e não houve contestação. Mas, depois da última derrota, ele foi acusado de não permitir o surgimento de outras lideranças petistas.
Na avaliação do partido, a escolha de Lula nas prévias tornaria os filiados co-responsáveis pela campanha de 2002. Por analogia, isso também ocorreria caso Suplicy ou Cristovam vencessem.
Otimista, a direção do PT espera que a eleição interna não divida o partido se for disputada por Lula, Suplicy e Cristovam.
Considera-se improvável que durante a campanha das prévias Suplicy ou Cristovam façam ataques a Lula e vice-versa.

Marketing
Único candidato declarado até agora à Presidência pelo PT, o senador Eduardo Suplicy (SP) rejeita os prognósticos de que a escolha de Lula pela prévia interna é favas contadas.
Para ele, é cedo para fazer prognósticos sobre quem vai vencer a prévia petista.
Segundo o senador, Lula, por manter um patamar constante de cerca de 30% das intenções de voto nas pesquisas para presidente, larga em vantagem na prévia.
"Há outros levantamentos sendo feitos, no entanto, que demonstram que tenho uma posição bastante razoável no debate interno", afirmou o senador.
Em pesquisa Datafolha no final de 2000, Suplicy teve 9% das intenções de voto para presidente.
O senador sugere a realização de primárias com outros pré-candidatos de partidos de centro-esquerda para haver um postulante unificado da oposição.
Com a decisão do partido de realizar prévias e a pré-campanha de Ciro Gomes (PPS), é improvável que essa proposta dê certo.
O PT também espera obter "ganhos de marketing" com a disputa interna.
O partido teria espaço nos meios de comunicação no ano em que a base governista decidirá se terá um candidato único e poderá posar de legenda democrática e aberta ao diálogo. Também daria um recado ao eleitorado: Lula não é o "dono" do PT.
O partido deve, pela primeira vez, sair sozinho numa eleição presidencial.
Dentro do partido, dá-se como certo que o PDT, o PSB e talvez até o PC do B (que apoiaram Lula em 1998) deverão se juntar em torno do governador de Minas Gerais, o ex-presidente Itamar Franco (sem partido).


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Prévia terá debate na TV e rádio
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.