São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

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ÍNDIOS

Missão policial será enviada à área ashaninka

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Uma missão composta por policiais federais, militares e florestais, representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e dos índios ashaninka será enviada nesta semana à região do Alto Amônia, no Acre, que foi invadida por madeireiros peruanos.
A região faz parte da reserva indígena Kampa e estava sendo invadida por madeireiros desde março passado, segundo a Funai.
Nas últimas semanas, a situação entre os ashaninka (que vivem na região) e os madeireiros ficou tensa e havia possibilidade de conflito. Os índios chegaram a se armar. Naquela área de fronteira, por onde passa o rio Amoninha, vivem cerca de 300 peruanos.
A Polícia Federal e a Funai sobrevoaram a área e constataram que os peruanos haviam derrubado árvores dentro da reserva e feito picadas e trilhas na selva para transportar a madeira.
Segundo o diretor da Funai em Rio Branco, Antônio Pereira Neto, a possibilidade de conflito já foi afastada e a situação na reserva indígena é "tranquilíssima". "Eles estão tranquilos, esperando a gente chegar", afirmou.
Para Pereira Neto, a única coisa que vai restar à missão será "constatar o tamanho do prejuízo".
O objetivo das equipes que estarão na região do Alto Amônia será contabilizar a quantidade de madeira derrubada e já retirada da reserva, o que foi derrubado e abandonado e a madeira que estava marcada para ser cortada.
A missão também vai procurar rastrear as picadas abertas na mata para descobrir de onde vinham os madeireiros.
Em março do ano passado, os índios ashaninka chegaram a denunciar a construção de uma estrada clandestina que seria usada para transporte de madeira. A reserva ashaninka é uma região de madeiras nobres e caras, como o mogno e o cedro.
A Funai acredita também que poderá, com a missão, recolher indícios suficientes para que os ashaninka possam pedir indenização ao governo peruano pelos danos causados à reserva.
A ação seria movida pelos próprios índios contra o governo peruano por intermédio do Ministério Público Federal.
Além disso, os índios e a Funai disseram já ter pedido um reforço no policiamento na fronteira. "Essa área precisa ter policiamento ostensivo brasileiro, assim como tem dos peruanos", afirma Pereira Neto. A viagem da missão à região do rio Amoninha será custeada pelo governo do Acre.


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