São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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PMDB dissidente deve manter acordo

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ofensiva desencadeada pelos dissidentes do PMDB no último fim de semana, em Curitiba (PR), contra o atual comando partidário deve aprofundar a disputa pelo controle da legenda, mas dificilmente ameaçará a eleição do deputado João Paulo Cunha (PT) para o comando da Câmara.
Em Curitiba, os dissidentes decidiram mudar para 16 de fevereiro a convenção que convocaram para 25 de janeiro e recomendar que José Sarney (AP) lance candidatura no Senado independente de aprovação da bancada.
A candidatura "avulsa" de Sarney deixou inquieto o atual comando do PMDB, temeroso de que ela seja incentivada pelo atual governo. Seu candidato na disputa é o senador Renan Calheiros (AL), que afirma dispor do apoio de 15 dos 20 senadores que integram a bancada no Senado.
O PT ontem reafirmou que manterá o apoio firmado após as eleições com o PMDB, pelo qual respeitará a decisão que vier a ser tomada pela bancada da sigla no Senado. A direção do PMDB promete cumprir o acordo se o escolhido da bancada for Sarney.
E o PFL, mesmo negociando a formação de um bloco com o PSDB na Câmara, está disposto a negociar participação na Mesa em troca da primeira vice-presidência ou da Primeira Secretaria.
Renan e Sarney devem viajar pelos Estados em campanha, talvez já a partir desta semana. O atual presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), corre por fora, na expectativa de se viabilizar como a alternativa de conciliação.
Apesar da recomendação de Curitiba, Sarney ainda avalia se disputa a indicação da bancada ou concorre direto no plenário com uma candidatura "avulsa", tentando atrair apoios do PSDB e sobretudo do PFL.
As decisões tomadas pelos dissidentes em Curitiba não deixam de ser uma demonstração de fragilidade. O estímulo para Sarney se lançar diretamente no plenário é um reconhecimento implícito de que o grupo não dispõe de maioria na bancada.
Ao transferir a convenção para depois da eleição do Senado, os dissidentes esperam que o eventual sucesso de Sarney os favoreça na disputa interna do partido. Ganhando, o objetivo da oposição é o mesmo do comando: levar o partido a apoiar o governo Lula.
Mas os dissidentes também tinham dificuldades para manter a convenção no dia 25. Além da exiguidade de tempo alegada, conseguiram o número mínimo (nove) de assinaturas dos diretórios regionais para convocá-la. Mas uma delas, de Rondônia, já foi retirada.
Agora, contam em ter o apoio dos diretórios do RS, SC e Paraíba, que na reunião teve a presença do senador eleito José Maranhão.


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