São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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Exército precisa ser reequipado, diz general

FERNANDO RODRIGUES
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, disse ontem que, para ajudar a construir e reparar estradas, é necessário reequipar as Forças Armadas. "O nosso apoio depende de que nós sejamos reequipados. Nosso material não está em boas condições", afirmou, referindo-se à infra-estrutura da força na área de engenharia.
A declaração de Albuquerque foi dada depois que o general se reuniu ontem à tarde com os ministros José Viegas (Defesa), Anderson Adauto (Transportes) e com o comandante da Marinha, almirante Roberto Guimarães Carvalho, para discutir como as Forças Armadas podem ajudar a recuperar estradas e portos.
No último sábado, o ministro dos Transportes anunciou a suspensão de todas as licitações para a construção e reparo de rodovias federais. Cerca de 60 processos, envolvendo gastos de aproximadamente R$ 5 bilhões, foram suspensos. Ontem o ministro disse que a duplicação do trecho entre Osório (RS) e Florianópolis (SC) poderia ser retomada.
Apesar de demonstrar boa vontade na reunião, o general Albuquerque foi bem menos otimista que os ministros da Defesa e dos Transportes -que haviam dito que o Exército teria a capacidade de construir de 800 km a 1.000 km de estradas por ano. Indagado se essa previsão estava correta, o comandante disse: "É necessária uma revisão. É importante que quando nós dermos uma resposta com firmeza, ela seja com base em estudos e análises corretas".
Sobre o fato de as Forças Armadas estarem sendo convocadas para fazer vários trabalhos para o governo federal, o comandante do Exército disse que tudo será atendido na medida do possível.
"Realmente, as demandas aí estão. Agora vamos deixar bem claro uma coisa: nós vamos apoiar dentro das nossas possibilidades. E o que é muito importante, sem prejudicar a nossa missão principal, que é a segurança e a soberania do país", declarou o general Albuquerque. Segundo ele, "desde o presidente até o ministros, todos estão sabendo disso".
Durante a entrevista coletiva, Viegas também reconheceu que é preciso investimento. "Evidentemente existe necessidade de renovação de material de construção. Essa é uma das questões concretas que, na hora de formular os convênios, ambos os ministérios equacionarão", afirmou.
Ontem, durante a reunião entre o Ministério dos Transportes e as Forças Armadas, a Marinha informou que não poderá ajudar na dragagem de portos e hidrovias. "O comandante da Marinha nos disse que a princípio o ideal seria se pudéssemos avançar apenas no campo do balizamento e das sinalizações", disse Anderson Adauto.
O ministro disse que, além de ajudar a recuperar estradas, o Exército irá fazer a fiscalização das obras realizadas pela iniciativa privada. "O DNIT [Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes] não está capacitado para fazer a fiscalização", disse Adauto.
O ministro Anderson Adauto aproveitou o final da entrevista coletiva para pedir que os brasileiros não viajem à noite: "Nós vamos ter que pedir um pouco de tranquilidade e paciência para aqueles que utilizam as estradas brasileiras, para que evitem viajar à noite. Está realmente um risco, um grande risco viajar à noite".


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