|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Rio pode usar royalties
para negociar dívida
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Fazenda está
negociando com o Rio de Janeiro
uma revisão da antecipação dos
royalties (participações na exploração) de petróleo do Estado, que
foi feita em 1999.
Na época, o Estado recebeu R$
13,2 bilhões que foram usados no
abatimento da dívida estadual
que estava sendo renegociada.
O então governador Anthony
Garotinho (PSB) queria reduzir as
parcelas mensais que passaria a
pagar ao Tesouro Nacional em
troca da assunção da dívida do
Estado no mercado.
Ontem, o secretário de Fazenda
do Rio, Mário Tinoco, esteve reunido por quase três horas com o
secretário do Tesouro, Joaquim
Levy. Ao final, disse que "infelizmente" não seria possível reverter
o bloqueio das contas do Estado.
O bloqueio aconteceu semana
passada para garantir o pagamento de R$ 86 milhões da dívida com
o Tesouro. Mas a Folha apurou
que a negociação está sendo feita
em torno dos royalties.
Tinoco argumentou que o Rio
recebeu recursos referentes a 20
anos de participações na exploração de petróleo. Mas o dólar médio utilizado foi de R$ 1,80 e o preço do barril, de US$ 17.
Os assessores do secretário também afirmaram que a produção
subiu muito mais que o previsto.
Portanto, a idéia é rever os valores, aumentando o total a ser
transferido ao Estado.
Tinoco entrou no Ministério da
Fazenda, reclamando de "confisco" das contas do Estado. Mas, ao
sair, reconheceu que os bloqueios
estão previstos nos contratos assinados por Garotinho. O secretário contou, porém, que a ex-governadora Benedita da Silva (PT)
vinha atrasando os pagamentos
desde setembro sem ser "bloqueada" pelo governo federal.
"Não houve um prazo de tolerância. Os recursos do ICMS [Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços, fonte das contas bloqueadas] são dados como garantia no contrato", disse.
Tinoco explicou que o Estado
vai continuar tentando reverter o
bloqueio na Justiça, pois acredita
que ele é inconstitucional. O secretário disse ainda que o pagamento dos salários de dezembro
do funcionalismo deve atrasar.
No dia 20, vence outra parcela da
dívida do Estado com o Tesouro
no valor de R$ 16 milhões.
Desde setembro, o Rio deixou
de receber R$ 120 milhões de repasses do Fundo de Participação
dos Estados e do Imposto sobre
Produtos Industrializados, por
conta da inadimplência no pagamento de dívidas com a União.
Colaborou a Sucursal do Rio
Texto Anterior: Dívida: Rosinha consegue liminar no STF Próximo Texto: Paraná: Requião suspende pagamentos do Estado Índice
|