São Paulo, sexta, 7 de fevereiro de 1997.

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PRIVATIZAÇÃO
Três empreiteiras iniciam perfurações em Carajás depois do Carnaval para definir potencial das minas
Vale tenta dimensionar jazidas de ouro

ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

Três empreiteiras contratadas pela Companhia Vale do Rio Doce vão iniciar, depois do Carnaval, perfurações de até 1.200 metros para dimensionar as novas jazidas de ouro localizadas em Carajás, na região leste do Pará.
O CND (Conselho Nacional de Desestatização) decidiu anteontem que as novas jazidas de Carajás serão excluídas do edital de privatização da estatal, previsto para ser publicado dentro de 30 dias.
Na próxima semana, a empresa canadense Long Year reinicia sondagens em Serra Leste, local situado a dois quilômetros da área onde funcionou de 1980 até o ano passado o garimpo de Serra Pelada.
A expectativa dos geólogos da Vale do Rio Doce é dobrar a jazida de 150 toneladas, dimensionada em 1996. A partir de 1998, a produção inicial será de 10 toneladas de ouro por ano.
Perfurações
A 70 km de Serra Leste, as empreiteiras Geosol e Rede farão cerca de 40 mil metros de perfurações na jazida Corpo Alemão, a nova mina descoberta em outubro de 1996, com uma capacidade estimada de 500 toneladas de ouro.
Segundo os planos da Vale, as perfurações serão estendidas também para a área do Pojuca, a 30 quilômetros da mina do Corpo Alemão. A área de Pojuca apresentou "anomalias magnéticas'' detectadas por radar, semelhantes às do Corpo Alemão.
A nova pesquisa em Serra Leste foi viabilizada após a derrubada de 800 barracos montados em torno da cava principal do antigo garimpo de Serra Pelada. A estatal pagou R$ 7,7 milhões para indenizar os proprietários.
Os barracos faziam parte da favela que se montou no garimpo durante a década de 80, quando a área chegou a abrigar o maior garimpo a céu aberto do mundo, com 80 mil garimpeiros.
Serra Leste
Serra Leste é hoje a maior jazida de ouro do país com projeto de exploração já definido. A partir de 1988, a Vale deverá produzir na área 15 toneladas por ano. Em quatro anos, irá superar a produção oficial do garimpo -50 toneladas.
A jazida foi dimensionada após dois anos de sondagens coordenadas pela Docegeo (Rio Doce Mineração e Geologia), uma subsidiária da Vale do Rio Doce que atua na área de pesquisa mineral.
Em 1996, a pesquisa na área ficou prejudicada de abril a outubro por causa dos protestos de garimpeiros que reivindicavam participação na exploração da nova jazida.
Os garimpeiros ocuparam a área e bloquearam o trabalho das sondas. A área foi liberada em uma operação realizada pela Polícia Federal e pelo Exército, após autorização judicial para a desocupação.
Outras áreas
O geólogo Roberto Assad, que prestou consultoria à Vale e conheceu a mina Corpo Alemão, afirma que está havendo uma coincidência entre o avanço das descobertas em Carajás e a privatização da estatal.
Segundo ele, o que está ocorrendo agora é resultado de dez anos de pesquisa. ``Há pelo menos mais cinco áreas em Carajás com potencial igual ou superior ao de Corpo Alemão'', disse ele.
Corpo Alemão teria 500 toneladas de ouro, segundo estimativas iniciais dos geólogos

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