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Venda inclui Corpo Alemão
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
A jazida de Corpo Alemão,
em Carajás (Pará), avaliada por
especialistas em até 500 toneladas de ouro, não vai entrar no
esquema que assegura para o
governo 50% das reservas potenciais em fase de descoberta
pela Vale após a privatização.
Segundo Eduardo Gazolla, da
Secretaria Técnica da presidência da Vale, Corpo Alemão já é
parte de um contrato pelo qual
o governo, via BNDES, detém
um terço dos direitos de exploração mineral.
Ou seja, quem comprar a Vale fica com a jazida de Corpo
Alemão -menos a terça parte
que pertence ao governo.
Gazolla disse isso em entrevista conjunta com José Pio
Borges, vice-presidente e diretor do BNDES para a área de
desestatização. Borges ainda
tentou dizer que uma parte de
Corpo Alemão estaria fora da
área do contrato, mas Gazolla o
convenceu do contrário.
Segundo explicou Gazolla,
Corpo Alemão é parte do conjunto da mina de Igarapé-Bahia, também em Carajás, já em
fase de exploração pela Vale.
Por ter participado dos investimentos para a exploração da
mina, o BNDES recebe um terço do valor da sua produção,
que é de dez toneladas ao ano.
Igarapé-Bahia tem ainda 70
toneladas de ouro a serem extraídas. Mas a área de Corpo
Alemão, anexa a ela, tem cerca
de 500 toneladas do mineral,
segundo estimativa feita pelo
geólogo Roberto Assad, consultor da Vale.
Anteontem, o CND (Conselho Nacional de Desestatização) decidiu que todas as áreas
da Vale potencialmente ricas
em minérios mas ainda não
avaliadas teriam um tratamento à parte na privatização.
Elas serão objeto de um
``contrato de risco'' entre a Vale e o BNDES, pelo qual as duas
partes se obrigam a investir na
pesquisa e posterior exploração do minério, cabendo metade do faturamento a cada um.
Essa fórmula, sugerida pela
direção da Vale, resolveria o
problema de como vender a
empresa sem incluir no preço
riquezas potenciais muito
grandes mas ainda não devidamente calculadas.
Segundo Borges e Gazolla, as
áreas que serão objeto do contrato de risco são Serra Leste e a
Serra dos Carajás propriamente dita, exceto aqueles trechos
que já são objeto de contrato
entre a Vale e o BNDES.
Descobertas remotas
Foi decidido também que,
para os casos de descobertas
ainda remotas e para a exploração de minério de ferro que exceder a 3 bilhões de toneladas,
os novos donos da Vale pagarão royalties (direitos de propriedade) à União.
Para ouro, os royalties serão
de 2,5% do faturamento líquido; para o minério de ferro, de
1,8%; e para outros minérios,
de 1%. No caso de Corpo Alemão, além da parte que cabe ao
BNDES, a União terá também
direito aos 2,5% de royalties.
Nas áreas de contrato de risco, a parte dos donos da Vale
será maior que a do governo,
pois eles terão direito a um
``finders fee'' (taxa do descobridor), porque as jazidas terão
sido encontradas pela empresa.
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