São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2002

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ELEIÇÕES-2002

Direção petista receia que prévia entre Olívio e Tarso rache partido

Direção petista teme que crise gaúcha atrapalhe Lula

FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT teme que a prévia para definir o candidato ao governo gaúcho, a ser disputada entre Olívio Dutra e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, cause um racha irreversível no partido e prejudique a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva.
A disputa, segundo avaliação interna no PT, preocupa muito mais do que a prévia presidencial entre Lula e o senador Eduardo Suplicy. O motivo é simples: Olívio, governador do Rio Grande do Sul, e Tarso são dois dos principais líderes nacionais petistas, que têm ressentimentos históricos e estão em conflito no lugar que se propõe a ser a vitrine do partido.
Nos próximos dias, a direção petista pressionará ambos a que façam um acordo ou, pelo menos, moderem o tom das críticas mútuas, em uma operação que deverá ter a participação pessoal de Lula. As prévias presidencial e estadual ocorrerão em 17 de março.
O sinal amarelo acendeu anteontem, com a acusação feita por Tarso de que Olívio usa métodos "stalinistas", em razão de suposto boicote da TV pública gaúcha à participação do prefeito no Fórum Social Mundial.
Além da mágoa entre os dois, que vem da tumultuada prévia estadual de 1998, há uma feroz disputa de poder entre os moderados, ligados a Tarso, e os radicais petistas, próximos a Olívio.
Ao contrário da situação majoritária do país, em que os moderados preponderam, no Rio Grande do Sul os dois grupos estão em pé de igualdade. No Estado, quinto colégio eleitoral do país, Lula venceu em 1994 e 1998. Rachado, o PT poderia perder esse reservatório de votos. Alguns petistas dizem que o ideal seria Tarso abrir mão em favor de Olívio.
O governador seria um candidato "natural", por ser o atual ocupante do cargo. O arquivamento de denúncias de ligação do governo com o jogo do bicho, somado ao sucesso do fórum, contribuíram para elevar seu cacife.
Tarso, por sua vez, teria de renunciar à prefeitura após cumprir menos da metade de seu mandato, deixando-a na mão de seu vice, João Verle, da corrente radical.
Haveria o risco, assim, de ele, além de perder a disputa estadual, causar turbulência na administração que mais orgulha o partido, a de Porto Alegre. Em seu favor, o prefeito da capital gaúcha tem aparecido em melhores condições eleitorais nos levantamentos internos do partido do que Olívio.
Para desistir, Tarso teria de obter uma compensação, como um lugar de destaque na campanha de Lula -há quem sugira que poderia obter o posto de coordenador do programa petista, no lugar do prefeito assassinado de Santo André, Celso Daniel.
Em contraste, a prévia presidencial segue tranquila. Suplicy tem procurado retomar a ponte com a cúpula partidária, trincada no final de 2001. Sua atitude de aceitar "comportado" o fato de o PT não ter marcado debates com Lula surpreendeu o partido.
Na cúpula petista, há a interpretação de que o senador busca se cacifar para ser vice de Lula, se o partido perder o apoio do PL. O senador nega que pense no assunto, mas deixa uma porta aberta: "Sou candidato a presidente. Se o Lula vencer a prévia, eu o ajudarei da forma que o PT achar melhor".


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