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ELEIÇÕES-2002
Direção petista receia que prévia entre Olívio e Tarso rache partido
Direção petista teme que crise gaúcha atrapalhe Lula
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PT teme que a prévia para definir o candidato ao governo gaúcho, a ser disputada entre Olívio
Dutra e o prefeito de Porto Alegre,
Tarso Genro, cause um racha irreversível no partido e prejudique a
campanha presidencial de Luiz
Inácio Lula da Silva.
A disputa, segundo avaliação
interna no PT, preocupa muito
mais do que a prévia presidencial
entre Lula e o senador Eduardo
Suplicy. O motivo é simples: Olívio, governador do Rio Grande do
Sul, e Tarso são dois dos principais líderes nacionais petistas, que
têm ressentimentos históricos e
estão em conflito no lugar que se
propõe a ser a vitrine do partido.
Nos próximos dias, a direção
petista pressionará ambos a que
façam um acordo ou, pelo menos,
moderem o tom das críticas mútuas, em uma operação que deverá ter a participação pessoal de
Lula. As prévias presidencial e estadual ocorrerão em 17 de março.
O sinal amarelo acendeu anteontem, com a acusação feita por
Tarso de que Olívio usa métodos
"stalinistas", em razão de suposto
boicote da TV pública gaúcha à
participação do prefeito no Fórum Social Mundial.
Além da mágoa entre os dois,
que vem da tumultuada prévia estadual de 1998, há uma feroz disputa de poder entre os moderados, ligados a Tarso, e os radicais
petistas, próximos a Olívio.
Ao contrário da situação majoritária do país, em que os moderados preponderam, no Rio Grande
do Sul os dois grupos estão em pé
de igualdade. No Estado, quinto
colégio eleitoral do país, Lula venceu em 1994 e 1998. Rachado, o PT
poderia perder esse reservatório
de votos. Alguns petistas dizem
que o ideal seria Tarso abrir mão
em favor de Olívio.
O governador seria um candidato "natural", por ser o atual
ocupante do cargo. O arquivamento de denúncias de ligação do
governo com o jogo do bicho, somado ao sucesso do fórum, contribuíram para elevar seu cacife.
Tarso, por sua vez, teria de renunciar à prefeitura após cumprir
menos da metade de seu mandato, deixando-a na mão de seu vice,
João Verle, da corrente radical.
Haveria o risco, assim, de ele,
além de perder a disputa estadual,
causar turbulência na administração que mais orgulha o partido, a
de Porto Alegre. Em seu favor, o
prefeito da capital gaúcha tem
aparecido em melhores condições eleitorais nos levantamentos
internos do partido do que Olívio.
Para desistir, Tarso teria de obter uma compensação, como um
lugar de destaque na campanha
de Lula -há quem sugira que poderia obter o posto de coordenador do programa petista, no lugar
do prefeito assassinado de Santo
André, Celso Daniel.
Em contraste, a prévia presidencial segue tranquila. Suplicy
tem procurado retomar a ponte
com a cúpula partidária, trincada
no final de 2001. Sua atitude de
aceitar "comportado" o fato de o
PT não ter marcado debates com
Lula surpreendeu o partido.
Na cúpula petista, há a interpretação de que o senador busca se
cacifar para ser vice de Lula, se o
partido perder o apoio do PL. O
senador nega que pense no assunto, mas deixa uma porta aberta:
"Sou candidato a presidente. Se o
Lula vencer a prévia, eu o ajudarei
da forma que o PT achar melhor".
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