UOL

São Paulo, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AGENDA PETISTA

Para CUT e Força, órgão tem muito empresário e pouco trabalhador; ministro diz que insatisfação é parte do processo

Centrais criticam perfil do Conselho Social

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os dirigentes das duas principais centrais sindicais do país criticaram ontem a composição do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, criado pelo governo para elaborar neste ano propostas para as reformas tributária, trabalhista e da Previdência.
João Felício, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), e Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, afirmaram que o conselho tem muitos empresários e poucos sindicalistas.
"Eu acho que deveria ter ocorrido um equilíbrio maior entre empresários e sindicalistas. Não critico nenhum nome escolhido para o conselho, só acho que ele deveria ter mais representantes dos trabalhadores", afirmou Felício.
O conselho, criado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, terá 82 membros (mais o presidente Lula), sendo que metade (41) deles é composta por empresários.
Completam o grupo 13 sindicalistas, 11 nomes ligados a movimentos sociais, três representantes de entidades de classe, duas personalidades da área cultural, dois religiosos e nove ministros.
A preocupação dos dois dirigentes sindicais é maior em relação às discussões da reforma trabalhista, que o governo pretende encaminhar ainda neste ano.
"Como o empresariado é maioria, se tiver alguma discussão que tire direitos dos trabalhadores, vamos perder de goleada. Se tiver de ter votação, é lógico que a gente perde", disse Paulinho.
Na opinião de Felício, os sindicalistas deveriam ter direito a pelo menos 20 cadeiras dentro do conselho. "A CUT, por exemplo, merecia mais de um representante."
Paulinho também afirma que a Força Sindical foi subestimada na composição do órgão. "Poderiam ter dado mais espaço para nós e para a CGT [Confederação Geral dos Trabalhadores]."
A primeira reunião do conselho está marcada para o dia 13, quando serão criados os grupos que tratarão das reformas. Paulinho afirma acreditar que um consenso deverá ocorrer quando o tema for a reforma tributária. "Nós e o empresariado temos praticamente a mesma posição nesse assunto. Vamos ter divergências é com o governo", afirmou o sindicalista.
Para Felício, o desequilíbrio de forças dentro do conselho pode dificultar a construção de um novo contrato social, a principal missão do novo órgão.

"Faz parte"
O ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) disse apenas que a crítica dos sindicalistas "faz parte do processo de concertação". "Não vou comentar esse assunto", completou o ministro.
Genro utiliza constantemente o termo "concertação", de concerto, para explicar qual será o papel de sua secretaria no conselho: encaminhar os debates entre os diferentes pontos de vista.
Sobre a possibilidade de não existir consenso em alguns temas, Genro disse que as propostas derrotadas em votação dentro do órgão também serão encaminhadas ao presidente Lula.
O conselho, na definição do governo, é um órgão consultivo, que irá relacionar o poder federal com a sociedade civil, especialmente trabalhadores e empresários.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Frases
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.