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AGENDA PETISTA
Para CUT e Força, órgão tem muito empresário e pouco trabalhador; ministro diz que insatisfação é parte do processo
Centrais criticam perfil do Conselho Social
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
RAFAEL CARIELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os dirigentes das duas principais centrais sindicais do país criticaram ontem a composição do
Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social, criado pelo
governo para elaborar neste ano
propostas para as reformas tributária, trabalhista e da Previdência.
João Felício, presidente da CUT
(Central Única dos Trabalhadores), e Paulo Pereira da Silva, o
Paulinho, presidente da Força
Sindical, afirmaram que o conselho tem muitos empresários e
poucos sindicalistas.
"Eu acho que deveria ter ocorrido um equilíbrio maior entre empresários e sindicalistas. Não critico nenhum nome escolhido para
o conselho, só acho que ele deveria ter mais representantes dos
trabalhadores", afirmou Felício.
O conselho, criado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, terá 82 membros
(mais o presidente Lula), sendo
que metade (41) deles é composta
por empresários.
Completam o grupo 13 sindicalistas, 11 nomes ligados a movimentos sociais, três representantes de entidades de classe, duas
personalidades da área cultural,
dois religiosos e nove ministros.
A preocupação dos dois dirigentes sindicais é maior em relação às discussões da reforma trabalhista, que o governo pretende
encaminhar ainda neste ano.
"Como o empresariado é maioria, se tiver alguma discussão que
tire direitos dos trabalhadores,
vamos perder de goleada. Se tiver
de ter votação, é lógico que a gente
perde", disse Paulinho.
Na opinião de Felício, os sindicalistas deveriam ter direito a pelo
menos 20 cadeiras dentro do conselho. "A CUT, por exemplo, merecia mais de um representante."
Paulinho também afirma que a
Força Sindical foi subestimada na
composição do órgão. "Poderiam
ter dado mais espaço para nós e
para a CGT [Confederação Geral
dos Trabalhadores]."
A primeira reunião do conselho
está marcada para o dia 13, quando serão criados os grupos que
tratarão das reformas. Paulinho
afirma acreditar que um consenso deverá ocorrer quando o tema
for a reforma tributária. "Nós e o
empresariado temos praticamente a mesma posição nesse assunto.
Vamos ter divergências é com o
governo", afirmou o sindicalista.
Para Felício, o desequilíbrio de
forças dentro do conselho pode
dificultar a construção de um novo contrato social, a principal
missão do novo órgão.
"Faz parte"
O ministro Tarso Genro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social) disse apenas que a
crítica dos sindicalistas "faz parte
do processo de concertação".
"Não vou comentar esse assunto", completou o ministro.
Genro utiliza constantemente o
termo "concertação", de concerto, para explicar qual será o papel
de sua secretaria no conselho: encaminhar os debates entre os diferentes pontos de vista.
Sobre a possibilidade de não
existir consenso em alguns temas,
Genro disse que as propostas derrotadas em votação dentro do órgão também serão encaminhadas
ao presidente Lula.
O conselho, na definição do governo, é um órgão consultivo, que
irá relacionar o poder federal com
a sociedade civil, especialmente
trabalhadores e empresários.
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