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São Paulo, sexta-feira, 07 de fevereiro de 2003

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MT

1.300 pessoas perderam emprego após PF fechar jogo do bicho

Cambistas entram na Justiça contra acusado de chefiar crime organizado

HUDSON CORRÊA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM CAMPO GRANDE


Cambistas que faziam apostas do jogo do bicho em Cuiabá (MT) resolveram entrar na Justiça do Trabalho para receber indenizações. São 1.300 pessoas que perderam o emprego, após a Polícia Federal fechar as bancas do jogo no dia 5 de dezembro.
O valor pedido das indenizações deve chegar a R$ 65 milhões, segundo o advogado Luiz Ferreira Virgílio. Ele já protocolou oito processos para 200 cambistas que pedem R$ 13.858.000 em verbas rescisórias. A primeira audiência está marcada para o dia 27.
Todos as ações judiciais são movidas contra o "comendador" João Arcanjo Ribeiro, 52, apontado pelo Ministério Público Federal como líder do crime organizado em Mato Grosso e acusado de comandar a chamada rede Colibri, que mantinha sete centrais do jogo do bicho no Estado.
Virgílio argumenta que existiu uma relação de trabalho entre os cambistas e Arcanjo. "Havia pagamento com repasse de dinheiro e cumprimento de horário com turno das 7h às 12h e das 13h às 19h", afirma.
Arcanjo está foragido desde o início de dezembro e teve os bens apreendidos pela Justiça Federal. Não há informações exatas sobre o valor de seu patrimônio.
O Ministério Público Federal, ao pedir a prisão de Arcanjo em dezembro, informou à Justiça que a diferença entre a quantia declarada à Receita Federal e a que ele realmente movimentou chega a R$ 900 milhões.
Um dos advogados de Arcanjo, que pediu para não ter o nome publicado, disse não acreditar no sucesso das ações, já que ainda não foi provado que Arcanjo tenha comandado o jogo do bicho.
Uma decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) reforça as esperanças dos ex-empregados do jogo do bicho em receber indenizações. Ao julgar uma ação de um cambista de Pernambuco, o Tribunal determinou o pagamento de verbas rescisórias em 2002.
Em Mato Grosso, o Judiciário pode ter outro entendimento. O vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Roberto Benatar, 56, disse que pedidos de indenizações foram negados em julgamentos anteriores de ações movidas por cambistas. "Não consideramos uma relação de emprego, porque o jogo do bicho é ilícito".


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