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MT
1.300 pessoas perderam emprego após PF fechar jogo do bicho
Cambistas entram na Justiça contra acusado de chefiar crime organizado
HUDSON CORRÊA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA,
EM CAMPO GRANDE
Cambistas que faziam apostas
do jogo do bicho em Cuiabá (MT)
resolveram entrar na Justiça do
Trabalho para receber indenizações. São 1.300 pessoas que perderam o emprego, após a Polícia Federal fechar as bancas do jogo no
dia 5 de dezembro.
O valor pedido das indenizações deve chegar a R$ 65 milhões,
segundo o advogado Luiz Ferreira Virgílio. Ele já protocolou oito
processos para 200 cambistas que
pedem R$ 13.858.000 em verbas
rescisórias. A primeira audiência
está marcada para o dia 27.
Todos as ações judiciais são movidas contra o "comendador"
João Arcanjo Ribeiro, 52, apontado pelo Ministério Público Federal como líder do crime organizado em Mato Grosso e acusado de
comandar a chamada rede Colibri, que mantinha sete centrais do
jogo do bicho no Estado.
Virgílio argumenta que existiu
uma relação de trabalho entre os
cambistas e Arcanjo. "Havia pagamento com repasse de dinheiro
e cumprimento de horário com
turno das 7h às 12h e das 13h às
19h", afirma.
Arcanjo está foragido desde o
início de dezembro e teve os bens
apreendidos pela Justiça Federal.
Não há informações exatas sobre
o valor de seu patrimônio.
O Ministério Público Federal,
ao pedir a prisão de Arcanjo em
dezembro, informou à Justiça que
a diferença entre a quantia declarada à Receita Federal e a que ele
realmente movimentou chega a
R$ 900 milhões.
Um dos advogados de Arcanjo,
que pediu para não ter o nome
publicado, disse não acreditar no
sucesso das ações, já que ainda
não foi provado que Arcanjo tenha comandado o jogo do bicho.
Uma decisão do TST (Tribunal
Superior do Trabalho) reforça as
esperanças dos ex-empregados
do jogo do bicho em receber indenizações. Ao julgar uma ação de
um cambista de Pernambuco, o
Tribunal determinou o pagamento de verbas rescisórias em 2002.
Em Mato Grosso, o Judiciário
pode ter outro entendimento. O
vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Roberto Benatar,
56, disse que pedidos de indenizações foram negados em julgamentos anteriores de ações movidas por cambistas. "Não consideramos uma relação de emprego,
porque o jogo do bicho é ilícito".
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