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REGIME MILITAR
Segundo Planalto, é preciso viabilizar pagamento de benefício; idéia é impor teto a valores retroativos
Lula quer diminuir valor pago a anistiado
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva estuda uma alteração na lei
atual de forma a diminuir o valor
das indenizações pagas a perseguidos políticos durante o regime
militar. Segundo a avaliação do
Planalto, é preciso viabilizar urgentemente o pagamento.
Lula foi informado pelo ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, sobre a situação da Comissão de Anistia em janeiro,
após a Folha ter publicado que o
Ministério do Planejamento retinha o dinheiro da prestação mensal que os anistiados recebem.
Segundo apurou a Folha, Lula
ficou alarmado com dois pontos
específicos. Em primeiro lugar, o
valor dos benefícios. Apenas um
dos processos aprovados no fim
do governo Fernando Henrique
Cardoso concede R$ 4,5 milhões a
um anistiado, na forma de salários e benefícios retroativos.
Também chamou a atenção de
Lula a quantidade de processos
julgados nos últimos meses do
ano passado. De agosto de 2001 a
novembro de 2002 foram julgados 453 processos. Nos dois últimos meses, o número total de julgamentos chegou a 2.285. Lula
considerou isso uma "armadilha"
do governo anterior.
A principal idéia em gestação é
impor um teto aos valores retroativos. Um ativista político que tenha sido preso e, por esse motivo,
perdido a carreira pode ganhar os
salários de até cinco anos anteriores ao pedido de anistia.
A comissão utiliza a estratégia
do "paradigma" para conceder o
benefício chamado de "retroativo". Exemplo: ao analisar o caso
de uma secretária que foi demitida em 68 por perseguição política,
a comissão busca uma pessoa que
exercia o mesmo cargo na época,
mas que não perdeu a função.
A partir daí, se a secretária chegou hoje ao posto de diretora, a
comissão calcula o valor dos salários e benefícios, como anuênios.
Daí os altos valores de benefícios
concedidos pela comissão.
Segundo apurou a Folha, o
atual presidente da comissão, José
Alves Paulino, implementou a regra a partir de autorização do então ministro da Justiça, Paulo de
Tarso Ribeiro. Lula deixou a cargo de Thomaz Bastos a permanência de Paulino no cargo.
Verba
O problema é que o governo
não tem dinheiro para pagar os
anistiados. Somente em pagamentos de retroativos, há uma
conta de R$ 520 milhões, sem previsão orçamentária neste ano.
A comissão tem 23.700 processos a analisar. São apenas quatro
os conselheiros, que não recebem
pela função. A última reunião da
comissão ocorreu no início de dezembro. Ainda não há data prevista para novo encontro.
Enquanto a mudança, Bastos
faz uma revisão de cerca de 250
benefícios já aprovados. Ele deve
dar o aval antes da publicação no
"Diário Oficial" da União.
Outro problema ainda será enfrentado quando a comissão analisar 3.200 processos de aposentados pelo INSS (Instituto Nacional
de Seguro Social) para revisão.
Até agosto de 2001, os perseguidos pediam aposentadoria especial para o INSS -que estabelecia
um teto. Lula recebe aposentadoria de metalúrgico, no valor de R$
2.500. Com a nova lei, o anistiado
recebe como se estivesse na ativa.
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