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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONEXÃO RIBEIRÃO
Ministério Público vai apurar crime eleitoral, já que suposta doação não foi registrada
Leão Leão pagou material da campanha de Lula, diz Buratti
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
O Gaerco de Ribeirão Preto
(SP), grupo do Ministério Público
Estadual especializado no combate ao crime organizado, iniciou
ontem nova investigação para
apurar suposto crime eleitoral
praticado por dirigentes do PT na
campanha presidencial de 2002. A
suspeita é que o material publicitário produzido em Ribeirão foi
omitido dos gastos informados à
Justiça Eleitoral pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
O combustível dessa investigação é um novo depoimento do
advogado Rogério Buratti dado à
Polícia Civil e à Promotoria no final de semana. O depoimento
trouxe mais suspeitas de uso de
caixa dois em campanhas eleitorais em Ribeirão.
Buratti foi reconvocado para esclarecer dúvidas surgidas na investigação de suposto pagamento
de propina a políticos, entre eles o
ministro Antonio Palocci, pela
empreiteira Leão Leão.
"A Leão pagou material de campanha produzido pela Villimpress [gráfica de Ribeirão] para o
PT, tratando-se da campanha de
2002, para presidente", diz trecho
do depoimento a que a Folha teve
acesso. Na não há registro da doação na Justiça Eleitoral. Para a
Promotoria, a omissão, se ocorreu, pode configurar crime eleitoral. Buratti não deu detalhes de
valores pagos, mas falou como ex-vice-presidente do grupo Leão
Leão.
Seu depoimento reforçou a denúncia do ex-gerente financeiro
da Villimpress Luciano André
Maglia, que, em 2005, disse ter
participado da produção de material para o PT pago pela Leão. Maglia envolveu no episódio dois ex-assessores de Palocci -Juscelino
Dourado, seu ex-chefe-de-gabinete, e Donizeti Rosa, atual diretor da Serpro. Ambos negaram.
Buratti disse que repassou R$
800 mil da Leão Leão a dois candidatos a prefeito de Ribeirão.
Ocorre que só foram registradas
as doações de R$ 327 mil para três
candidatos: o petista Gilberto
Maggioni (R$ 100 mil), o tucano
Welson Gasparini (R$ 127 mil),
atual prefeito, e o peemedebista
Baleia Rossi (R$ 100 mil). Todos
terão a campanha investigada.
Esse registro está em documento apreendido na sede da Leão
Leão em 2004 que informa o repasse de R$ 500 mil para um suposto candidato identificado apenas como "RLP" e mais R$ 300
mil para outro "RJP".
De acordo com Buratti, as observações "RJP" e "RLP" dizem
respeito com certeza a contribuições de campanha para a Prefeitura de Ribeirão Preto.
O advogado não esclareceu aos
promotores e policiais quem seriam os dois candidatos. Em entrevista anterior, Gasparini, Baleia
e Maggioni afirmaram que tudo o
que foi gasto na campanha foi declarado à Justiça.
Na campanha do PT de Ribeirão, um dos fatos que sugerem o
uso de dinheiro de caixa 2 foi a declaração do vereador de Ribeirão
Beto Cangussu (PT), líder do PT
na Câmara, que afirmou ter recebido dinheiro "não contabilizado" (R$ 10 mil) das mãos de Donizeti Rosa, que também nega isso.
Colaborou MARIO CESAR CARVALHO, da Reportagem Local
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