São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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Para FHC, PT roubou por convicção

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que governou de 1995 a 2002, disse ontem que o PT agiu de forma sistemática no esquema do "mensalão". A afirmação, feita ontem, durante entrevista ao programa "Roda Viva", da TV Cultura, foi uma justificativa à declaração dada à revista "IstoÉ" desta semana, de que "a ética do PT é roubar".
O tucano, que voltou a criticar ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT, afirmou que a frase foi "uma síntese do que a reportagem [da "IstoÉ"] tratava".
"Se fala em prática generalizada do caixa dois, o que já é questionável. O que está em discussão é outra coisa. Se trata de um fluxo de recurso muito grande, que vem de várias fontes, entre as quais, fontes oficiais -dinheiro que saiu do governo e foi utilizado fora da campanha. Isso é o coletivo, é em nome da transformação do Brasil. A ética é essa: fazem isso porque, no fundo, acham que vão mudar o país", afirmou.
Ainda sobre denúncias de corrupção contra o PT e o governo Lula, FHC afirmou estar "indignado". "Estou tão indignado como todo mundo. É demais. Houve no Brasil uma série de processos, que foram sistêmicos. A indignação foi pequena", disse.
"Nunca vi algo semelhante ao depoimento do Duda Mendonça. Porque ele disse para todo mundo: "Eu recebi, recebi lá fora, tenho conta no exterior e usei na campanha". Quantos prefeitos foram destituídos pela Justiça Eleitoral por isso?", questionou.
O tucano, que elogiou a política econômica adotada pelo governo Lula, inclusive o pagamento antecipado da dívida com o país ao FMI (Fundo Monetário Internacional), afirmou que, se Lula não sabia do que foi denunciado no escândalo do "mensalão", é "ingênuo". "É grave. Dado que foi tanto, por tanto tempo. Ou ele é muito ingênuo para ser presidente -e, portanto, não está preparado para ser presidente- ou ele sabia, o que é muito pior", disse.

Sucessão
Sobre o processo de escolha do candidato tucano que irá disputar a Presidência, polarizado entre o prefeito José Serra e o governador Geraldo Alckmin, FHC afirmou que não iria defender um candidato "em detrimento de outro".
Mas minimizou o efeito do documento assinado durante as eleições de 2004 por Serra, no qual o prefeito se comprometeu a terminar seu mandato à frente de São Paulo. "Não se deve fazer promessa desse tipo. Embaraça depois", disse o ex-presidente, que afirmou que promessas, assim, "não existem" na política.
Ainda sobre a disputa eleitoral, FHC descartou ser candidato na eleição deste ano, porque, segundo ele, seu tempo "já passou". Numa eventual vitória de Serra, o ex-presidente disse que ajudaria o prefeito a governar o país.


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