DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parte hoje para a sua quinta visita à África durante o mandato. Dessa vez, Lula passará apenas por países democráticos.
"É uma viagem de cunho político, são quatro países que são representativos da democracia na África", disse o embaixador Pedro Motta Coelho, subsecretário-geral político para África, Ásia, Oceania e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores.
A viagem combina interesses comerciais e o cultivo de laços políticos e históricos. Lula chega à Argélia amanhã e depois visita Benin, Botsuana e África do Sul, de onde parte no domingo.
A Argélia é responsável pelo segundo maior déficit do Brasil com a África (cerca de US$ 2,5 bilhões). Lá poderá haver acordos de exploração de gás, segundo membros do governo brasileiro.
Na África do Sul, Lula deve aproveitar a presença de outros líderes para tentar fazer sair do papel sua proposta de um encontro de líderes mundiais para destravar a Rodada Doha, virtualmente parada em razão de impasse entre europeus, norte-americanos e países em desenvolvimento.
Menor dos quatro países, Benin é o que tem maior identidade histórica com o Brasil. O país foi um dos portos de onde partiram escravos da África. Lula participará de uma cerimônia para lembrar essa relação. Na cidade de Ouidah, no litoral do país, está programado um ato num local conhecido como "santuário dos mártires".
É lá que o presidente deve encontrar alguns integrantes da família Souza, descendentes de Francisco Félix de Souza, um ex-mercador de escravos que fez o caminho de volta ao seu país no início do século 19. Em suas viagens anteriores à África, Lula já pediu desculpas duas vezes ao continente pela escravidão.
Já Botsuana acabou incluído, entre outros motivos, em razão da boa imagem no combate à corrupção. Motta Coelho diz que o país foi considerado o menos corrupto da África pela Transparência Internacional.
Lula usou ontem parte do programa semanal de rádio "Café com o Presidente" para tratar de sua visita à África e disse que "possivelmente" essa será a última viagem à região "neste ano".
"Eu fico torcendo para quem vier a ser presidente da República depois de mim que continue dando atenção à África porque a África merece respeito", afirmou.
(PEDRO DIAS LEITE)


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