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A MORTE DE COVAS
Secretários divergem sobre entregar cargos
DA REPORTAGEM LOCAL
Os secretários estaduais nomeados pelo governador Mário
Covas discutem a proposta de, em
bloco, colocar os cargos à disposição do governador Geraldo Alckmin. Mas não há consenso.
Secretários que combatem a
idéia argumentam, em conversas
reservadas, que Alckmin faria papel de traidor se fizesse uma ampla reforma no secretariado.
O raciocínio é que o novo governador deve manter a linha administrativa que herdou, o que se
traduziria em manter o primeiro
escalão escolhido por Covas.
A idéia de os secretários apresentarem uma carta com pedido
de demissão coletiva começou a
ser discutida na semana passada,
quando se agravou o quadro de
saúde de Covas.
A Folha apurou que assessores
de maior confiança de Alckmin
são os que mais impulsionam a
proposta. Eles dizem ser "natural" a demissão coletiva, que daria
liberdade para Alckmin montar
um secretariado à sua imagem.
Publicamente, a maioria dos secretários nega que tenha havido
conversas sobre a demissão coletiva. Porém o secretário Marcos
Arbaitman (Esportes e Turismo)
disse ontem: "Acho que cada um
dos secretários estava conversando com os demais (sobre a demissão coletiva). Naturalmente vão
colocar os cargos à disposição". A
mesma posição foi defendida por
José da Silva Guedes (Saúde).
A maior parte dos secretários,
contudo, diz que Alckmin deverá
dar continuidade à gestão Covas,
sem precisar substituir o primeiro
escalão de governo para isso.
"O meu (cargo) eu não coloco (à
disposição)", disse ontem o secretário André Franco Montoro Filho (Planejamento). Segundo ele,
"o próprio governador Mário Covas dizia que secretário que coloca
o cargo à disposição sugere que
um dia ele não esteve".
O secretário Antônio Carlos
Mendes Thame (Recursos Hídricos) disse que o pedido de demissão "não é uma ação individual,
mas coletiva". Ele afirma que "as
diretrizes devem continuar, não
sei se com as mesmas pessoas".
O secretário Nagashi Furukawa
(Administração Penitenciária)
afirma que tem certeza de que
"tudo o que foi traçado por Covas
vai continuar".
Os secretários Marcos Mendonça (Cultura) e Walter Barelli (Emprego e Relações do Trabalho) fazem declarações semelhantes.
Reunião
Os secretários José Aníbal
(Ciência e Tecnologia) e Ricardo
Tripoli (Meio Ambiente) disseram ter participado anteontem de
reuniões com Alckmin, nas quais,
segundo eles, ficou decidido que o
governo Covas continua.
Segundo os secretários, nada
deve ser alterado, uma vez que o
secretariado, as prioridades do
governo e, consequentemente, a
de cada pasta, foram estipuladas
por Covas. "O governador já nos
havia pedido, quando saiu de licença médica, que mantivéssemos o mesmo empenho com
Alckmin", disse Tripoli. "Vamos
dar continuidade ao projeto."
Os dois dizem não acreditar em
mudanças no secretariado. Aníbal diz que Alckmin tem competência para decidir as substituições "do modo que achar mais
adequado". Ele afirma que o assunto não foi discutido.
Mudanças
Segundo a Folha apurou, o secretário Marco Vinicio Petrelluzzi
(Segurança Pública) deverá ser o
primeiro a deixar o governo de
Geraldo Alckmin.
Pelo menos dois secretários de
Covas são tidos, entre os tucanos,
como fortes candidatos a não participar do governo de Alckmin.
A saída de Petrelluzzi (Segurança Pública) é considerada certa.
Ele não tem bom relacionamento
com Alckmin e não quis falar à
Folha sobre a demissão coletiva.
O secretário Michael Zeitlin
(Transporte) também é bastante
citado como alguém que não deve
permanecer no governo. Ele não
foi localizado pela reportagem.
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