São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2001

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A MORTE DE COVAS

Secretários divergem sobre entregar cargos

DA REPORTAGEM LOCAL

Os secretários estaduais nomeados pelo governador Mário Covas discutem a proposta de, em bloco, colocar os cargos à disposição do governador Geraldo Alckmin. Mas não há consenso.
Secretários que combatem a idéia argumentam, em conversas reservadas, que Alckmin faria papel de traidor se fizesse uma ampla reforma no secretariado.
O raciocínio é que o novo governador deve manter a linha administrativa que herdou, o que se traduziria em manter o primeiro escalão escolhido por Covas.
A idéia de os secretários apresentarem uma carta com pedido de demissão coletiva começou a ser discutida na semana passada, quando se agravou o quadro de saúde de Covas.
A Folha apurou que assessores de maior confiança de Alckmin são os que mais impulsionam a proposta. Eles dizem ser "natural" a demissão coletiva, que daria liberdade para Alckmin montar um secretariado à sua imagem.
Publicamente, a maioria dos secretários nega que tenha havido conversas sobre a demissão coletiva. Porém o secretário Marcos Arbaitman (Esportes e Turismo) disse ontem: "Acho que cada um dos secretários estava conversando com os demais (sobre a demissão coletiva). Naturalmente vão colocar os cargos à disposição". A mesma posição foi defendida por José da Silva Guedes (Saúde).
A maior parte dos secretários, contudo, diz que Alckmin deverá dar continuidade à gestão Covas, sem precisar substituir o primeiro escalão de governo para isso.
"O meu (cargo) eu não coloco (à disposição)", disse ontem o secretário André Franco Montoro Filho (Planejamento). Segundo ele, "o próprio governador Mário Covas dizia que secretário que coloca o cargo à disposição sugere que um dia ele não esteve".
O secretário Antônio Carlos Mendes Thame (Recursos Hídricos) disse que o pedido de demissão "não é uma ação individual, mas coletiva". Ele afirma que "as diretrizes devem continuar, não sei se com as mesmas pessoas".
O secretário Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária) afirma que tem certeza de que "tudo o que foi traçado por Covas vai continuar".
Os secretários Marcos Mendonça (Cultura) e Walter Barelli (Emprego e Relações do Trabalho) fazem declarações semelhantes.

Reunião
Os secretários José Aníbal (Ciência e Tecnologia) e Ricardo Tripoli (Meio Ambiente) disseram ter participado anteontem de reuniões com Alckmin, nas quais, segundo eles, ficou decidido que o governo Covas continua.
Segundo os secretários, nada deve ser alterado, uma vez que o secretariado, as prioridades do governo e, consequentemente, a de cada pasta, foram estipuladas por Covas. "O governador já nos havia pedido, quando saiu de licença médica, que mantivéssemos o mesmo empenho com Alckmin", disse Tripoli. "Vamos dar continuidade ao projeto."
Os dois dizem não acreditar em mudanças no secretariado. Aníbal diz que Alckmin tem competência para decidir as substituições "do modo que achar mais adequado". Ele afirma que o assunto não foi discutido.

Mudanças
Segundo a Folha apurou, o secretário Marco Vinicio Petrelluzzi (Segurança Pública) deverá ser o primeiro a deixar o governo de Geraldo Alckmin.
Pelo menos dois secretários de Covas são tidos, entre os tucanos, como fortes candidatos a não participar do governo de Alckmin.
A saída de Petrelluzzi (Segurança Pública) é considerada certa. Ele não tem bom relacionamento com Alckmin e não quis falar à Folha sobre a demissão coletiva.
O secretário Michael Zeitlin (Transporte) também é bastante citado como alguém que não deve permanecer no governo. Ele não foi localizado pela reportagem.




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