São Paulo, quinta-feira, 07 de março de 2002

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FIM DE CASAMENTO

Anteriormente presidente chegou a dizer que crise com PFL era "tempestade em copo d'água'

FHC antecipa volta ao país e descarta reforma ministerial

WLADIMIR GRAMACHO
ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO PANAMÁ

Dois dias depois de chamar de "tempestade em copo d'água" a crise na base governista, o presidente Fernando Henrique Cardoso, que estava no Panamá, decidiu voltar às pressas para o Brasil devido ao rompimento anunciado pelo PFL. FHC deixou o Panamá ontem. Sua chegada a Brasília, anteriormente prevista para as 18h de hoje, deveria ocorrer à 1h.
Em Brasília, congressistas e políticos cogitavam a hipótese de o governo aproveitar a saída dos ministros do PFL para fazer uma reforma ministerial. Mas, pouco antes de embarcar, FHC falou por telefone com o pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, e descartou a hipótese.
O ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) também negou a possibilidade. "Essa hipótese não está descartada porque nem foi cogitada", afirmou.
Em menos de 24 horas em solo panamenho, FHC telefonou pelo menos duas vezes para o vice-presidente Marco Maciel. Queria ter informações sobre a reação do PFL e discutir com Maciel soluções para a crise. Em conversa com assessores, o presidente demonstrou perplexidade com o "desembarque" do PFL do governo. O partido sempre foi considerado por FHC um aliado fiel nas votações mais difíceis que o governo enfrentou no Congresso.
Sobre a ameaça de que o PFL impeça a aprovação da prorrogação da CPMF (o imposto sobre o cheque), o presidente disse que seus apelos são dispensáveis. "Eu tenho a palavra do PFL de que a CPMF será aprovada", afirmou.
Segundo FHC, "o PFL tem responsabilidade nacional. Saberá superar essas dificuldades tendo em mira um objetivo maior".

Apoio a Aloysio
Os tucanos decidiram fazer um "cordão de isolamento" em torno do ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira. O objetivo é mostrar que o PSDB apóia o ministro e que ele não perdeu força devido às acusações dos pefelistas de que ele tenta prejudicar a governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
A cúpula tucana se reuniu ontem, antes do anúncio do PFL de que romperia a aliança com o PSDB. Durante a reunião, o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral) chegou a telefonar para Pimenta -que conversara com FHC- para falar sobre os rumores da reforma ministerial.
Após o encontro, o líder do PSDB na Câmara, Jutahy Júnior (BA), afirmou: "Isso não tem pé nem cabeça". Mas congressistas que estiveram no Ministério das Comunicações disseram que o assunto foi discutido.
Para os tucanos, a reforma e o eventual desembarque de Aloysio do ministério daria a entender que o PSDB estaria acuado com a possibilidade de o PFL deixar o governo. Além disso, avaliavam, a saída dele seria uma demonstração de que o governo teve participação na operação de busca e apreensão de documentos na empresa de Roseana e seu marido, Jorge Murad.
A operação foi realizada pela Polícia Federal, vinculada ao Ministério da Justiça, e o PFL responsabiliza Aloysio pela ação.
Entre os tucanos a expectativa era que o PFL continuaria apoiando votações de interesse do governo. Virgílio afirmou: "O presidente espera que o PFL reveja a sua posição, mas o governo não vai se pautar em função [sic] do PFL".


Colaborou a Sucursal de Brasília



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