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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Petistas e pefelistas afirmam que custo de absolver dois colegas no mesmo dia, amanhã, seria grande apenas por curto período
Ameaça de acordão põe Câmara em xeque
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pela primeira vez desde o início
do caso do "mensalão", a Câmara
tentará amanhã votar em plenário o processo de dois dos acusados. Pela manhã deve ser apreciado o caso de Roberto Brant (PFL-MG). À tarde deve ser a vez de
Professor Luizinho (PT-SP).
Será o maior teste para os deputados a respeito de haver ou não
acordão para salvar a maioria dos
11 "mensaleiros" ainda na fila de
possíveis cassados. Poucos aceitam prever o desfecho da primeira votação dupla no plenário.
No salão verde, área contígua ao
plenário da Casa, os comentários
gerais apontam para uma dificuldade em salvar dois "mensaleiros" num mesmo dia. A imagem
dos deputados ficaria muito ruim
e haveria a impressão clara de um
acordo para evitar punições. O PT
salvaria o pefelista e vice-versa.
A Folha ouviu de alguns petistas e pefelistas, na condição de
não terem seus nomes revelados,
que o custo de absolver dois deputados num único dia seria
grande apenas por um período
curto. Depois, essa cobrança seria
diluída e o preço não seria cobrado individualmente de ninguém,
pois a votação é secreta.
O caso do deputado Romeu
Queiroz (PTB-MG) é lembrado.
O petebista admitiu ter recebido
alguns milhares de reais do "valerioduto", mas acabou absolvido
pelo plenário -por uma votação
expressiva, com 250 votos em seu
favor e só 162 pela punição. Passado algum tempo, ninguém mais
fala sobre a absolvição.
Uma outra interpretação ouvida no Congresso é que Luizinho,
ex-líder do governo, deve ser o
grande prejudicado pelo fato de
seu julgamento ter ficado para a
tarde. Como o processo de Brant
vai a voto antes, pode haver traição na segunda votação do dia.
Brant é um congressista que mantém relações cordiais com integrantes de todos os partidos e sua
absolvição é dada como possível.
Brant tem a seu favor a semelhança com o processo de Queiroz, o que teria criado uma espécie de jurisprudência. Ambos receberam R$ 102 mil não contabilizados por meio da Usiminas.
Se Brant se salvar, cria-se uma
situação perigosa. Será a terceira
absolvição em cinco casos. A
pressão para cassar Luizinho em
seguida deve aumentar, segundo
expectativa de parlamentares.
Ironicamente, seu delito desde o
início era considerado leve, e a absolvição tida como provável. O
petista sacou R$ 20 mil do esquema, por meio de um assessor.
A situação do petista se complica mais porque a votação no plenário do processo seguinte deve
resultar na absolvição de Pedro
Henry (PP-MT).
(FÁBIO ZANINI)
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