São Paulo, terça-feira, 07 de março de 2006

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES

Petistas e pefelistas afirmam que custo de absolver dois colegas no mesmo dia, amanhã, seria grande apenas por curto período

Ameaça de acordão põe Câmara em xeque

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pela primeira vez desde o início do caso do "mensalão", a Câmara tentará amanhã votar em plenário o processo de dois dos acusados. Pela manhã deve ser apreciado o caso de Roberto Brant (PFL-MG). À tarde deve ser a vez de Professor Luizinho (PT-SP).
Será o maior teste para os deputados a respeito de haver ou não acordão para salvar a maioria dos 11 "mensaleiros" ainda na fila de possíveis cassados. Poucos aceitam prever o desfecho da primeira votação dupla no plenário.
No salão verde, área contígua ao plenário da Casa, os comentários gerais apontam para uma dificuldade em salvar dois "mensaleiros" num mesmo dia. A imagem dos deputados ficaria muito ruim e haveria a impressão clara de um acordo para evitar punições. O PT salvaria o pefelista e vice-versa.
A Folha ouviu de alguns petistas e pefelistas, na condição de não terem seus nomes revelados, que o custo de absolver dois deputados num único dia seria grande apenas por um período curto. Depois, essa cobrança seria diluída e o preço não seria cobrado individualmente de ninguém, pois a votação é secreta.
O caso do deputado Romeu Queiroz (PTB-MG) é lembrado. O petebista admitiu ter recebido alguns milhares de reais do "valerioduto", mas acabou absolvido pelo plenário -por uma votação expressiva, com 250 votos em seu favor e só 162 pela punição. Passado algum tempo, ninguém mais fala sobre a absolvição.
Uma outra interpretação ouvida no Congresso é que Luizinho, ex-líder do governo, deve ser o grande prejudicado pelo fato de seu julgamento ter ficado para a tarde. Como o processo de Brant vai a voto antes, pode haver traição na segunda votação do dia. Brant é um congressista que mantém relações cordiais com integrantes de todos os partidos e sua absolvição é dada como possível.
Brant tem a seu favor a semelhança com o processo de Queiroz, o que teria criado uma espécie de jurisprudência. Ambos receberam R$ 102 mil não contabilizados por meio da Usiminas.
Se Brant se salvar, cria-se uma situação perigosa. Será a terceira absolvição em cinco casos. A pressão para cassar Luizinho em seguida deve aumentar, segundo expectativa de parlamentares. Ironicamente, seu delito desde o início era considerado leve, e a absolvição tida como provável. O petista sacou R$ 20 mil do esquema, por meio de um assessor.
A situação do petista se complica mais porque a votação no plenário do processo seguinte deve resultar na absolvição de Pedro Henry (PP-MT). (FÁBIO ZANINI)

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