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Reunião com Lula agrada a Estados
Presidente atende 4 das 14 exigências de governadores e vê encontro ser elogiado até por tucano Aécio Neves
Petista não cedeu, porém, em relação a repartir com Estados recursos do CPMF; cauteloso, Serra afirma que quer ver "passos concretos"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A primeira reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
em seu segundo mandato com
os 27 governadores do país terminou com 4 dos 14 pontos de
negociação atendidos e sem nenhum dinheiro extra do governo federal, mas deixou os Estados satisfeitos, mesmo os comandados pela oposição.
O governo cumpriu o que tinha dito e se recusou a dividir
com os Estados a receita das
contribuições federais, como a
CPMF. Os governadores avaliaram a reunião como a mais
produtiva sob Lula, porque os
pontos em que foram atendidos podem gerar mais dinheiro
para o caixa dos Estados.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), resumiu o clima. "Vim aqui com
muitas dúvidas de que estaríamos aqui posando para mais
uma foto. Mas considerei a reunião extremamente positiva."
Já o governador tucano José
Serra (SP) fez uma avaliação
mais cautelosa da reunião. "Foi
um bom diálogo, o que é preciso é que haja passos concretos",
disse, elogiando o caráter
"apartidário" do encontro.
Apesar do clima otimista
passado pelos governadores ao
final do encontro, durante a
reunião Aécio chegou a dizer
que a proposta do governo era
"tímida". Lula respondeu dizendo que não diria que era "tímida, mas moderada, e pelo
menos nós avançamos".
Ficou acertado que os governadores poderão renegociar a
dívida que têm com a União,
por meio de bancos: se conseguirem empréstimos a juros
mais baixos no mercado financeiro, podem pegar esse dinheiro e pagar a dívida com o governo federal. Assim, poderiam
aumentar o prazo de pagamento, a juros mais baixos.
Não ficou claro se isso permitirá que os Estados façam novas
dívidas, além das que foram renegociadas justamente porque
os governos não conseguiam
pagar os juros do mercado.
"A idéia é que possa fazer um
pouco mais de dívida, mas isso
não ficou fechado. A proposta
foi do Aécio, o [ministro Guido]
Mantega [Fazenda] ficou de estudar", disse o governador de
Sergipe, Marcelo Déda (PT).
A outra medida permite a negociação da dívida ativa (dinheiro que os Estados têm a receber de devedores) diretamente no mercado. Parte dessa
dívida é impagável ou de difícil
cobrança, e os Estados querem
repassá-las para empresas particulares, que pagariam um deságio por esses créditos e teriam mais condições de cobrar
o dinheiro dos devedores.
As outras duas medidas atendidas foram sobre a repartição
dos recursos do Fundeb (fundo
da educação básica) e o apoio a
uma mudança na regra dos precatórios (o pagamento passaria
a ser feito do menor para o
maior valor; também haveria
um "leilão", para abatimentos
no dinheiro a receber).
Pendências
Ainda estão em discussão a
desoneração do PIS e da Cofins
para as empresas de saneamento público, a liberação da caução da dívida dos Estados (dinheiro dado como garantia de
pagamento) e a desvinculação
de receitas, que permitirá aos
Estados gastar livremente 20%
de sua receita, como a União.
Mantega também prometeu
estudar a possibilidade de estabelecer limites para a despesa
de pessoal do Legislativo e Judiciário nos Estados. Outro tema que está na agenda é a suspensão de punições da Lei de
Responsabilidade Fiscal aos
Estados quando os responsáveis pelo descumprimento forem Legislativo ou Judiciário.
Apesar de atender alguns
pontos, o governo não vai tirar
um centavo dos seus cofres.
"Não nos dispusemos a fazer
transferências maiores por mera impossibilidade", disse Mantega, que deixou claro o motivo
de contentamento de alguns
governadores. "São medidas
que permitirão aos Estados ter
mais recursos, um espaço para
mais investimentos."
Segurança
A discussão girou mais em
torno de reformas e de dinheiro, mas o tema da segurança
também foi tratado. O governo
federal e os Estados ficaram
próximos de um acordo para
que nenhuma verba dessa área
seja bloqueada. "Tem uma geração em risco", disse Lula, segundo relatos de governadores.
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) fez uma das intervenções
mais duras da reunião. "Se faz
todo esse diagnóstico, mas o
governo federal coloca menos
dinheiro no Fundeb do que a
Paraíba. É inconcebível. Assim,
ainda vamos ter vários Joões
Hélios no país."
A reunião foi na Granja do
Torto e durou das 9h30 às 15h.
Os governadores já acertaram
encontros trimestrais com o
presidente, e o próximo tema
será educação.
(ADRIANO CEOLIN, LEANDRA PERES, PEDRO DIAS LEITE E
VALDO CRUZ)
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