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análise
Debate é só sobre divisão de impostos
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A primeira lei das reuniões de autoridades diz
que, quanto maior o número de participantes,
menor será o número de
decisões importantes tomadas. Pela segunda lei,
quanto menor o número
de decisões, maior a satisfação dos participantes. E,
terceira lei, as reuniões serão sempre "extremamente positivas".
Além de confirmar as
três regras, o encontro de
ontem seguiu o padrão dos
últimos anos nas negociações entre o governo federal e os Estados, em que a
pauta se resume a acertos
mútuos para o reforço dos
caixas de todos.
Haveria dissenso e mal-estar se estivessem sobre a
mesa propostas de ações
integradas para a educação, a segurança pública, a
infra-estrutura e outros
temas normalmente associados às prioridades do
país. O diálogo possível se
dá na repartição do dinheiro público.
Como em 2003, primeiro mandato de Lula, o Planalto depende do Congresso para prorrogar a
CPMF e a DRU, os dois
improvisos que há mais de
uma década evitam a derrocada das contas da
União. Do outro lado, os
governadores querem ajuda rápida do Tesouro.
O diálogo começa em
tom amistoso. Há quatro
anos chegou a ser redigida
uma tal "Carta de Brasília", em favor das reformas
previdenciária e tributária
-a primeira, ainda dependente de regulamentação,
e a segunda, novamente
discutida ontem.
Mais tarde, com os projetos no Congresso e valores concretos em discussão, os salamaleques serão
substituídos por queixas,
acusações e sabotagens. As
propostas ficarão menos
ambiciosas. Apenas o mínimo essencial e consensual será aprovado.
A reforma tributária,
unanimidade nacional que
não sai do papel desde os
anos 90, é a candidata a se
diluir no Congresso -e,
com ela, a idéia de repartir
com os Estados a arrecadação das contribuições
federais, que os dois lados
sabem ser inviável.
Quanto os Estados conseguirão vai depender de
uma queda-de-braço política ainda nos movimentos iniciais. Lula dificilmente deixará de levar a
ração mínima de CPMF e
DRU. E, após outras reuniões "extremamente positivas", a carga dos impostos seguirá em alta.
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