Só Ministério da Defesa pode informar quais trechos serão interditados para visita de Bush, diz a companhia

População de SP fica sem informação e é prejudicada por esquema de segurança de americano, que chega às 16 horas em Guarulhos

EVANDRO SPINELLI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O morador de São Paulo não terá orientação sobre como evitar ruas e avenidas que serão interditadas por causa da visita do presidente George W. Bush à cidade amanhã e depois.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) já tem detalhes do esquema de trânsito, mas disse que não os divulgará.
A CET, um departamento da Prefeitura de São Paulo, diz que qualquer informação só pode ser obtida por meio do Ministério da Defesa. O ministério não respondeu à Folha.
A CET se recusou também a apontar as áreas que devem ser evitadas na sexta -Bush chega a São Paulo às 16h de quinta-feira e deixa a capital no fim da tarde de sexta. Ele deve fazer os principais trajetos de carro.
O vereador Chico Macena (PT), ex-presidente da CET, disse que a informação à população é sempre necessária. Ele comandou operações de trânsito na cidade durante a visita do primeiro-ministro britânico, Tony Blair. "O que a gente fez foi avisar à população os setores onde poderia haver algum tipo de intervenção em determinados horários, sem revelar trajetos", disse.
A assessoria do prefeito Gilberto Kassab (PFL) disse que a prefeitura não recebeu nenhuma informação sobre a visita do americano. Ressaltou ainda que Kassab não foi informado sobre a participação de funcionários da CET na elaboração do esquema de segurança de Bush em São Paulo.
O que se sabe, até o momento, é que Bush ficará hospedado no hotel Hilton Morumbi, na marginal Pinheiros (zona sul).
O presidente visitará a ONG Meninos do Morumbi, na rua José Jannarelli, próxima às avenidas Francisco Morato e João Jorge Saad. Também é possível que vá ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, na avenida Morumbi.

Aeroportos
Segundo a Aeronáutica, nem os aeroportos nem o espaço aéreo estarão fechados. Terão, porém, restrições pontuais no pouso e decolagem.
Segundo Edgard Brandão Jr., superintendente da regional do Sudeste da Infraero, geralmente pousos e partidas comerciais são interrompidos nos aeroportos quando aviões presidenciais aterrissam ou decolam. "Na reunião de hoje [ontem] será definido se o presidente Bush seguirá de helicóptero ou carro para São Paulo. Quatro aeronaves da comitiva já haviam chegado na segunda a Cumbica", afirmou.
A CET informou que são proibidas manifestações na avenida Paulista. A UNE (União Nacional dos Estudantes) e outras entidades programaram para amanhã, a partir das 15h, uma passeata entre a praça Oswaldo Cruz e o Masp (Museu de Arte de São Paulo). A Guarda Civil Metropolitana só permitirá manifestações na Paulista se houver autorização da Subprefeitura da Sé.
O presidente da UNE, Gustavo Petta, disse que estão sendo organizadas manifestações para sexta-feira. "Vamos queimar bonecos e usar tinta vermelha para simbolizar as milhares de pessoas mortas pela política de segurança norte-americana." Petta prevê protestos em frente ao consulado dos EUA e em lojas do McDonald's.


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