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PC do B diz que Lula faz governo contraditório
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Aliado mais tradicional do PT, o
PC do B acaba de aprovar um documento em que considera o governo de Luiz Inácio Lula da Silva
"contraditório", por pregar mudanças e manter a política econômica "neoliberal", e carente de
uma "convicção estratégica transformadora". Trata-se do texto-base para a 9ª Conferência Nacional do partido que acompanhou
Lula em suas quatro campanhas
presidenciais e, hoje, conta com 11
deputados, incluindo o líder do
governo na Câmara, Aldo Rebelo
(SP), e o ministro dos Esportes,
Agnelo Queiroz (DF).
Os comunistas, percebe-se, são
muito mais resistentes ao revisionismo retórico que os petistas.
Predominam em seu documento
as diatribes contra "o imperialismo americano", "a burguesia",
"os setores dominantes" -para o
PC do B, Lula e as forças que o
apóiam "ainda não conquistaram
o poder real de forma plena".
O partido considera que deve
aproveitar os espaços criados
com a eleição de Lula para "acumular maiores forças no seio do
povo e do governo", em busca do
objetivo final: "superação da política neoliberal" e "transição ao socialismo". Diante de tais metas, a
"transição" oferecida pelo governo não parece convincente para
os comunistas, que não vêem, especialmente na economia, as mudanças que o PT diz ter iniciado.
Citando um texto do escritor
Luís Fernando Verissimo, o PC
do B cobra um "gesto inaugural",
que "transmita à sociedade a sua
agenda em relação ao rumo mudancista a ser seguido".
É nítido também o desconforto
com as reformas tratadas como
prioritárias por Lula, que, mais
cedo ou mais tarde, o partido terá
de examinar no Congresso.
"As reformas em discussão, se
não forem apontadas no rumo da
ampliação da democracia, dos direitos sociais e de uma nova estratégia de desenvolvimento, se confundirão com a agenda do governo passado", diz o partido.
Aprovado pelo Comitê Central
do PC do B, o documento dá início aos debates da Conferência
Nacional, que acontecerá de 26 a
29 de junho e homenageará os 120
anos da morte de Karl Marx.
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