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MATO GROSSO
Organização de acusado de liderar crime organizado lavaria dinheiro para quadrilhas, segundo Ministério Público
Ações de Arcanjo se estenderiam a 5 Estados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O crime organizado em Mato
Grosso tem ramificações em cinco Estados brasileiros, segundo o
Ministério Público Federal, e lavaria dinheiro para outras organizações criminosas do país.
"Nós temos essa impressão,
porque a movimentação bancária
é muito grande, mais de R$ 500
milhões, sem declaração de Imposto de Renda. E as empresas,
entre aspas lícitas, não têm aporte
para a movimentação", afirmou o
procurador da República em
Cuiabá, Pedro Taques, que conduz as investigações com o objetivo de desmontar o esquema.
Taques se refere aos negócios do
"comendador" João Arcanjo Ribeiro, 51, acusado de ser o líder do
crime organizado em Mato Grosso e de sonegar da Receita Federal
R$ 842 milhões. Com prisão decretada, Arcanjo está foragido
desde dezembro.
A quadrilha dele teria ligações
com a exploração de máquinas
caça-níqueis em Minas Gerais, no
Paraná (Londrina) e no Rio de Janeiro, onde ainda manteria laços
com o jogo do bicho -atividades
que Arcanjo comandaria também
em Mato Grosso. Na Paraíba, o
"comendador" estaria no ramo
de bingos.
João Arcanjo também é acusado pelo Ministério Público de
participação no assassinato do
empresário Sávio Brandão de Lima Júnior, dono do jornal "Folha
do Estado", de Cuiabá, que foi
morto no ano passado (leia texto
nesta página).
Fora do país
Arcanjo, segundo denúncia do
procurador, usou empresas "offshore" (com sede virtual em paraíso fiscal) no Uruguai e a antiga
agência do Banestado (Banco do
Estado do Paraná) em Nova York
para lavar dinheiro.
Em uma semana, em 1996, foram enviados ao Banestado, por
meio das contas CC-5 (de não-residentes), R$ 5 milhões, informou
Pedro Taques.
A quantia é pequena em relação
ao patrimônio de Arcanjo, que,
segundo o procurador, chega a R$
500 milhões. Os bens do "comendador" estão indisponíveis.
O Ministério Público Federal
suspeita que a quantia enviada ao
Banestado seja muito maior, devido ao patrimônio que Arcanjo
possui nos Estados Unidos.
Ele é dono de 55% de um hotel
em Orlando, na Flórida (EUA),
avaliado em US$ 40 milhões. Esse
valor foi informado à Justiça pelo
contador Luiz Alberto Dondo
Gonçalves, que trabalhava para
Arcanjo e está preso desde dezembro.
Empréstimos
Gonçalves informou ainda que
"em 1997 ou 1998 Arcanjo enviou
para o exterior R$ 1.150.300 por
meio de conta CC-5".
Essa quantia foi usada para pagar um empréstimo ao BankBoston, afirmou o contador. A informação bate com uma das rotas de
lavagem de dinheiro identificada
pelo promotor de Justiça Mauro
Zaque de Jesus.
"Transferências de criminosos
internacionais viraram empréstimos de R$ 644 mil e R$ 650 mil
para a empresa de Arcanjo no
Uruguai, chamada Aveyron, que
depositou o dinheiro no BankBoston e autorizou empréstimos
das mesmas quantias para a Confiança Fomento Mercantil, de Arcanjo em Mato Grosso", afirmou
o promotor.
O Ministério Público denuncia
que essa última empresa de Arcanjo sonegou R$ 500 milhões da
Receita Federal. Em março de
2001, o empreendimento foi
transferido para a "offshore"
Lyman, no Uruguai, que também
pertenceria ao "comendador".
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