|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MENSALÃO/ O RELATÓRIO
Senador rebate ataques de petistas e afirma que relatório paralelo do partido "seria tiro no pé" da sigla, porque envolveria o presidente Lula
Delcídio diz que não foi eleito presidente da CPI para defender o PT
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de atropelar seu
partido, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou ontem que
não foi eleito presidente da CPI
dos Correios para defender o PT.
Ele está sendo atacado por seus
correligionários devido à forma
como conduziu a votação do relatório final da comissão, aprovado
por 17 votos a 4, em uma sessão
que durou menos de meia hora.
"Não fui eleito presidente para
defender o PT e nenhum outro
partido da base", disse ele, ao lado
do relator da comissão, deputado
Osmar Serraglio (PMDB-PR).
O relatório pediu o indiciamento de mais de cem pessoas, entre
elas os ex-ministros José Dirceu
(Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). O documento afirma que o mensalão
existiu e que foi abastecido com
dinheiro público. O relator, no
entanto, poupou o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao dizer
que não há provas de que ele foi
omisso em relação ao esquema.
Contrariado com o teor do texto, a bancada do PT apresentou
um relatório paralelo no qual negava o mensalão e cancelava os
pedidos de indiciamento de caciques petistas. O documento também atribuía a "gênese" do "valerioduto" ao PSDB mineiro.
Para Delcídio, o PT errou a estratégia ao apresentar um substitutivo e seria prejudicado se o documento fosse aprovado. "Seria
um tiro definitivo no pé do partido e em outras pessoas. Eu fico
pasmo de ver a dimensão que a
discussão tomou", disse ele.
O presidente da CPI estava se
referindo ao presidente Lula, que
segundo ele seria o principal atingido caso o PT derrubasse o relatório original para votar o paralelo. De acordo com Delcídio, o primeiro voto em separado na fila
para ser apreciado era o do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que
pedia o indiciamento do presidente da República por crime de
responsabilidade. "O Lula estava
sendo conduzido pelo PT para
dentro do processo", afirmou.
Serraglio disse ainda que, ao
afirmar que os repasses feitos a
deputados eram caixa dois, e não
compra de apoio parlamentar, o
relatório paralelo estava concluindo, na sua opinião, que a campanha do presidente Lula teria sido
beneficiada pelo esquema, já que
os pagamentos foram feitos durante o seu mandato.
Apesar da atitude adotada pelo
PT, o relator afirmou que não sofreu pressão do governo. "O governo Lula nunca interferiu na
minha investigação. Ele tem lá os
seus defeitos, como a gente vê,
mas isso não fez", disse Serraglio.
Tanto Delcídio quanto Serraglio
afirmaram que a bancada do PT
não queria negociar mudanças no
texto, e sim atrasar a votação para
que não desse tempo de aprovar
um relatório até a próxima segunda-feira, quando termina o prazo
de funcionamento da CPI.
Serraglio passou o dia da votação, que começou às 18h, reunido
com parlamentares do PT tentando alterar a redação do texto de
forma a agradá-los, desde que não
alterasse a estrutura do relatório
-no caso a existência do mensalão e o fato do esquema ter sido
abastecido por meio da Visanet.
"Chegou um momento em que
eu disse: "tenho a maior confiança
em vocês, mas tem alguma coisa
errada. Não vamos chegar a lugar
nenhum assim. Acho que vocês
estão cozinhando o tempo e me
enrolando", disse o relator.
Texto Anterior: Repercussão Próximo Texto: Frases Índice
|