São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

É sexy

Avança a histeria com os "riscos políticos" de 2006 na América Latina.
A BBC, no programa "News­night" da rede original e ao longo da programação do canal de notícias, abriu anteontem e vai até domingo com a série "Inside Latin America", concentrada no "ano de eleições".
Não faltou nem debate virtual entre o "falcão" Otto Reich e Noam Chomsky. Mas as reportagens vão para todo lado, do cinema argentino à segurança pública venezuelana _e aqui e ali se vêem Fernando Meirelles, cineasta, e Juninho Paulista, jogador do Palmeiras.
Na reportagem sobre o Brasil, do correspondente em São Paulo, a série fechou o foco na "preocupação" americana com a "influência chinesa".
Ouviu desde o republicano que dirige a comissão do Congresso para a região, que defendeu intervencionismo, até um engenheiro da Embraer, entusiasmado com a fábrica que implantou na China.
 
O mais significativo, na BBC, foi a entrevista com Tom Shannon, o moderado que substituiu Reich como subsecretário de Estado para a região, no governo Bush, e que vai viajar a Pequim para tratar da região.
Ele questionou a "onda rosa" que a BBC aponta para o "ano de eleições" em países como Peru, México, Nicarágua:
_ Não vemos onda rosa, mas o surgimento de democracias que começam a encarar o desafio fundamental do ataque à exclusão social _de criar ambiente para as pessoas se sentirem não só cidadãos políticos, mas cidadãos econômicos.
Mais à frente:
_ O que importa não é esquerda ou direita. É o compromisso com a democracia e uma prosperidade econômica que seja mais justa. E o compromisso com a segurança do Estado democrático.
 
O aparente otimismo do Departamento de Estado contrasta com os alertas persistentes que vêm sendo lançados pelo "Financial Times".
Ontem foi a vez do editor para a América Latina, Richard Lapper, na longa análise "Por que os investidores externos estão surdos para a marcha latino-americana dos populistas".
Registra temor com a troca de ministros de finanças na Argentina e no Brasil. Também com a recente reestatização argentina e com "o apelo para diminuir os controles de gastos" no ano eleitoral brasileiro.
Mas louva Lula e o Brasil, que os banqueiros dizem estar a um ano de subir para "grau de investimento" nas agências de de risco. E diz que o mexicano López Obrador deve se revelar "como Mr. da Silva".
O problema maior, diz, é que até os esquerdistas moderados não avançam nas "reformas estruturais", o que pode trazer problemas no futuro. Mas por enquanto os investidores não se abalam. Diz um deles, ouvido pelo "FT" na reunião do BID, em Belo Horizonte:
_ Todo mundo sente que tem que estar aqui. É sexy.

CAIU NA REAL

Reprodução
Logo da série da BBC sobre o "ano de eleições" na região


Com as nuvens sobre a América Latina, "Wall Street Journal" e "Economist" descobriram, com atraso, a autobiografia de FHC. Deram ontem resenhas elogiosas intituladas, respectivamente, "Um líder que caiu na real" e "Brasil para iniciantes". Os louvores foram sobretudo à conversão do "subversivo" ao mercado.
Já no Brasil, ontem também, a blogosfera caiu sobre a entrevista que ele deu a Jô Soares. Fernando Rodrigues e outros sublinharam o esforço de FHC em sugerir que a compra de votos para a reeleição não partiu de seu governo, mas talvez de governadores ou prefeitos. Do humorista Tutty Vasques, no Noblog:
_ Fofo... FHC no programa do Jô confirma: o ex-presidente está virando um gagá charmosíssimo.

Em campanha 1
Como resumiu o blog de Josias de Souza, "Alckmin sobe e Lula bate". Em manchete no Google Notícias, meio da tarde:
_ Lula ataca Alckmin e diz que Brasil faz São Paulo crescer.
Nas submanchetes rotativas, primeiro entrou Marta Suplicy, candidata a governadora:
_ Marta ataca Serra ao comentar resultado de pesquisa.
Depois, José Serra, em Ribeirão Preto, mas sobre Brasília:
_ Para Serra, absolvição prejudica a democracia.

Em campanha 2
Já tem dias a especulação da blogosfera brasiliense sobre as pesquisas Datafolha, prevista para o fim de semana, e CNT/ Sensus, para a terça-feira.
Na falta delas, a pesquisa Ibope/Setecesp, restrita a São Paulo, saciou ontem parte da ansiedade eleitoral _e fez a festa de blogs como o tucano E-Agora, que depois da guerra civil de um mês atrás voltou às mãos do moderado Eduardo Graeff.
Em seu destaque de ontem, "Alckmin e Serra disparam".


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