|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Demitido em escândalo volta ao governo de SP
Secretário diz que não há nada contra Roger Ferreira
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ano depois de deixar o
Palácio dos Bandeirantes sob a
acusação de direcionamento
político de verbas publicitárias
do Banco Nossa Caixa, o jornalista Roger Ferreira está de volta ao governo de São Paulo.
Assessor especial da gestão
Geraldo Alckmin (2003-2006)
até 27 de março do ano passado, quando, sob pressão, pediu
exoneração, Ferreira, por meio
de sua empresa, é hoje responsável pela comunicação da pasta da Educação.
No final da gestão Alckmin,
ele comandou a pasta da Comunicação e foi considerado
uma peça estratégica na engenharia política que levou o tucano a ser indicado candidato
do PSDB a presidente.
Para a escolha da empresa de
Roger não houve licitação. A
Fator F - Inteligência e Comunicação, é subcontratada pela
DPZ, uma das duas agências
publicitárias encarregadas da
comunicação do governo do
Estado ao lado da Lua Branca.
O valor original do contrato
da DPZ com o governo é de
R$13,1 milhões.
Segundo o secretário de Comunicação do governo, Hubert
Alquéres, a decisão foi tomada
há cerca de 15 dias, sem conhecimento do governador José
Serra (PSDB). Mas, antes mesmo da escolha, Ferreira já circulava pelo Palácio dos Bandeirantes. Em fevereiro, por
exemplo, assistiu, ao lado de
outros convidados de Serra, ao
documentário "Uma Verdade
Inconveniente", de Al Gore.
Sem condenação
Alquéres conta que, consultado pela DPZ a respeito da escolha, pesquisou os desdobramentos do escândalo da Nossa
Caixa, que causou abalos na
candidatura de Alckmin à Presidência, e não encontrou irregularidades que desabonassem
a contratação.
"Isso aconteceu há um ano.
Já passou a quarentena. Não
teve um processo contra ele,
nenhuma condenação", justificou Alquéres, exaltando a experiência de Ferreira e de seu sócio, Emerson Figueiredo.
"Eles são jovens profissionais, experientes e competentes. Não devem nada a ninguém. A gente não pode ficar
punindo as pessoas sem ter um
motivo. Não existe condenação, nem processo."
Procurados pela Folha, a Fator F e o jornalista Roger Ferreira não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
A seleção, segundo Alquéres,
foi realizada pela DPZ a pedido
da secretária de Educação, Maria Lúcia Vasconcelos, insatisfeita com o trabalho da equipe
anterior. A própria secretária
teria entrevistado o jornalista.
Ferreira deixou a assessoria
de comunicação de Alckmin
em março do ano passado, um
dia depois de reportagem da
Folha revelar a liberação de recursos da Nossa Caixa em benefício de jornais, revistas e
programas de rádio e televisão
mantidos ou indicados por deputados da base aliada do governador Assembléia.
A demissão ocorreu poucos
dias após Alckmin ter sido confirmado candidato a presidente. A medida teria sido tomada
para evitar desgastes ao tucano.
Entre o material investigado
pelo Ministério Público Estadual, havia e-mails de Roger
Ferreira ao ex-gerente de marketing da Nossa Caixa Jaime de
Castro Júnior. Neles, Ferreira
endossaria pedidos em favor
dos parlamentares da base.
As mensagens foram apontadas por Castro Júnior como
uma evidência de que Ferreira
era um dos responsáveis pelo
favorecimento dos deputados.
A investigação é produto de
auditoria interna da Nossa Caixa, que constatou irregularidades em 255 dos 278 pagamentos feitos a duas agências entre
setembro de 2003 e julho de
2005. Os pagamentos somam
R$ 25 milhões.
Antes de assumir a comunicação do Palácio dos Bandeirantes, Ferreira foi assessor de
imprensa da Nossa Caixa, de
março a outubro de 2003. À
época, ele era contratado - a
R$ 17 mil mensais - pela agência Full Jazz.
Texto Anterior: Geddel toma do PT controle de estatal Próximo Texto: Câmara dos deputados: Chinaglia suspende contratações que prejudicariam siglas da base Índice
|