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Proposta é criticada por especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
Especialistas ouvidos
pela Folha criticam a proposta de reforma política
que prevê o financiamento público de campanha e
o voto em lista fechada.
Para o cientista político
Leôncio Martins Rodrigues, 75, o assunto só voltou à pauta para encobrir
os escândalos do Congresso: "É pouco provável que
algo seja aprovado. Medidas de reforma sempre
são aventadas quando o
prestígio da classe política
desce excessivamente".
Argelina Figueiredo, 60,
do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do
Rio de Janeiro), diz que a
lista fechada seria um "desastre", pois dificultaria a
revelação de casos de corrupção: "Os candidatos
não vão querer apresentar
denúncias contra lideranças dos partidos para não
perder a chance de participar das listas".
Jairo Nicolau, 45, do Iuperj, diz que o debate está
mal colocado. "A lista fechada é vista apenas como
uma forma de viabilizar o
financiamento público.
Com financiamento público, muita gente vai disputar as eleições. Por isso
ficaria mais fácil fiscalizar
só as contas dos partidos."
O problema é que, "com
o financiamento público,
os políticos não precisariam dialogar com a sociedade para obter recursos".
Ele observa que "a Suécia
trocou o sistema de lista
fechada para o de lista flexível, que é o que eu defendo, porque os partidos viraram máquinas: eles se
descolaram da sociedade".
Rui Tavares Maluf, 50,
da Escola de Sociologia e
Política de São Paulo, também prefere a lista flexível: "O partido poderia fazer a ordenação, mas o
eleitor poderia aceitar ou
não a ordenação". Ele simpatiza com o financiamento público, mas avalia que
"a gente poderia melhorar
a fiscalização do que já
existe. Há espaço para aumentar a transparência".
Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio
Vargas, acha que adotar a
lista fechada sem uma reforma partidária "seria
uma tragédia" e questiona
o financiamento público:
"Até que ponto vai coibir o
caixa dois? Talvez fosse
mais importante aperfeiçoar a fiscalização e os mecanismos já existentes".
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