São Paulo, quinta-feira, 07 de maio de 2009

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Proposta é criticada por especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO

Especialistas ouvidos pela Folha criticam a proposta de reforma política que prevê o financiamento público de campanha e o voto em lista fechada.
Para o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, 75, o assunto só voltou à pauta para encobrir os escândalos do Congresso: "É pouco provável que algo seja aprovado. Medidas de reforma sempre são aventadas quando o prestígio da classe política desce excessivamente".
Argelina Figueiredo, 60, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), diz que a lista fechada seria um "desastre", pois dificultaria a revelação de casos de corrupção: "Os candidatos não vão querer apresentar denúncias contra lideranças dos partidos para não perder a chance de participar das listas".
Jairo Nicolau, 45, do Iuperj, diz que o debate está mal colocado. "A lista fechada é vista apenas como uma forma de viabilizar o financiamento público. Com financiamento público, muita gente vai disputar as eleições. Por isso ficaria mais fácil fiscalizar só as contas dos partidos."
O problema é que, "com o financiamento público, os políticos não precisariam dialogar com a sociedade para obter recursos". Ele observa que "a Suécia trocou o sistema de lista fechada para o de lista flexível, que é o que eu defendo, porque os partidos viraram máquinas: eles se descolaram da sociedade".
Rui Tavares Maluf, 50, da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, também prefere a lista flexível: "O partido poderia fazer a ordenação, mas o eleitor poderia aceitar ou não a ordenação". Ele simpatiza com o financiamento público, mas avalia que "a gente poderia melhorar a fiscalização do que já existe. Há espaço para aumentar a transparência".
Marco Antonio Teixeira, da Fundação Getúlio Vargas, acha que adotar a lista fechada sem uma reforma partidária "seria uma tragédia" e questiona o financiamento público: "Até que ponto vai coibir o caixa dois? Talvez fosse mais importante aperfeiçoar a fiscalização e os mecanismos já existentes".


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