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NORDESTE
Pré-candidato à Presidência diz que atos não têm motivação política
Ciro diz que saques no NE
são "fenômenos culturais"
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Beberibe
O pré-candidato do PPS à
Presidência, Ciro Gomes, disse
ontem, em Beberibe (74 km
ao sul de Fortaleza), que os saques de flagelados
no Nordeste são "fenômenos
culturais" e não caso de polícia.
"Faz mil anos que acontece
saque por aqui. Falo do saque famélico. Nunca foi considerado
crime institucional. Nunca foi
questão de ordem pública. Nunca
houve um processo contra ninguém, nem repressão policial."
Ciro disse que não acredita que a
maioria dos saques ocorridos até
ontem no Nordeste tenham motivação política. Para ele, os saques
organizados pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terras) são um caso "isolado".
"O principal móvel dos saques
é a situação de necessidade, de fome. A massa não estará disponível
se não houver fome. Duvido que
se consiga mobilizar uma massa
alimentada para fazer saques."
Ele afirmou que a visita de Fernando Henrique Cardoso a Tejuçuoca, na última segunda-feira,
foi de um "oportunismo de terceira categoria". Ciro criticou
também a visita de Lula a Jaguaruana e Quixeramobim, no mesmo dia de FHC, dizendo que
"Lula se preocupou apenas em
mostrar a miséria, sem apresentar
propostas para resolvê-la".
Ciro culpou FHC pelos saques.
"Ele é culpado por ter se omitido em elaborar um programa de
combate à seca, quando se sabe
que estiagem foi prevista."
Para Ciro, o direito ao "saque
famélico" é uma questão elementar para o mundo jurídico. "Para camuflar a falta de propostas
para a seca, FHC criou uma falsa
polêmica em torno da questão dos
saques, deixando a discussão de
alternativas para desenvolvimento
sustentável do Nordeste."
Ciro citou como exemplo de
combate à seca o Canal do Trabalhador, em Beberibe, considerada
a principal obra de seu governo.
O canal irriga uma área de 155
hectares onde são cultivadas frutas
tropicais, mas só começou a funcionar no início do ano porque ficou fechado por falta de manutenção. A área irrigável é de 100 mil
hectares e está subaproveitada.
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