|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Presidente da
CPT critica
o governo
da Sucursal do Rio
O presidente da CPT (Comissão
Pastoral da Terra), dom Tomás
Balduíno, acusou o governo federal de "farisaísmo" (hipocrisia)
na crítica aos saques no Nordeste e
disse que a igreja manterá sua posição de pregar a solidariedade aos
famintos.
"A única forma de acalmar
quem está morrendo de fome é levar o pão para comer. O móvel do
saque é a fome", afirmou, referindo-se à "trégua" solicitada por
Fernando Henrique Cardoso.
Para o religioso, a redução dos
saques dependerá das ações do governo -"que falhou e está querendo recuperar o atraso"- e da
solidariedade de outros grupos.
"Culpabilizar os saques é farisaísmo, é se esconder atrás do legalismo e não ver a fome. Na posição da igreja, quando se trata de
situação de desamparo, os bens
são comuns", disse, em um seminário sobre reforma agrária, realizado no Rio.
D. Tomás lamentou a violência
que os saques geram, mas disse
que, na base deles, está o direito à
vida, "e não se pode criar celeuma
sobre isso". "Estaria o governo
querendo encobrir sua falha? É como chegar atrasado para apagar o
fogo quando, nas previsões de hoje, já se tem o cálculo de quando
vai acontecer a catástrofe. É uma
demonstração de incompetência
ou falha diante das exigências prementes da nossa população."
Para d. Tomás, os religiosos não
estimulam os saques, apenas dão
apoio aos flagelados. Disse que os
padres e bispos não têm controle
sobre os saques nem são consultados sobre eles pelos flagelados.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|