São Paulo, quinta, 7 de maio de 1998

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Presidente da CPT critica o governo

da Sucursal do Rio

O presidente da CPT (Comissão Pastoral da Terra), dom Tomás Balduíno, acusou o governo federal de "farisaísmo" (hipocrisia) na crítica aos saques no Nordeste e disse que a igreja manterá sua posição de pregar a solidariedade aos famintos.
"A única forma de acalmar quem está morrendo de fome é levar o pão para comer. O móvel do saque é a fome", afirmou, referindo-se à "trégua" solicitada por Fernando Henrique Cardoso.
Para o religioso, a redução dos saques dependerá das ações do governo -"que falhou e está querendo recuperar o atraso"- e da solidariedade de outros grupos.
"Culpabilizar os saques é farisaísmo, é se esconder atrás do legalismo e não ver a fome. Na posição da igreja, quando se trata de situação de desamparo, os bens são comuns", disse, em um seminário sobre reforma agrária, realizado no Rio.
D. Tomás lamentou a violência que os saques geram, mas disse que, na base deles, está o direito à vida, "e não se pode criar celeuma sobre isso". "Estaria o governo querendo encobrir sua falha? É como chegar atrasado para apagar o fogo quando, nas previsões de hoje, já se tem o cálculo de quando vai acontecer a catástrofe. É uma demonstração de incompetência ou falha diante das exigências prementes da nossa população."
Para d. Tomás, os religiosos não estimulam os saques, apenas dão apoio aos flagelados. Disse que os padres e bispos não têm controle sobre os saques nem são consultados sobre eles pelos flagelados.



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