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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Crise no PTB adia anúncio de companheiro de chapa de ex-ministro
Força Sindical ameaça tirar apoio a Ciro por causa de vice
ROGÉRIO GENTILE
EDITOR DO PAINEL
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Frente Trabalhista adiou para
amanhã a definição sobre o vice
de Ciro Gomes (PPS) após a Força
Sindical ameaçar retirar seu apoio
ao presidenciável caso seu presidente, Paulo Pereira da Silva
(PTB), não seja indicado à chapa.
Partidários do sindicalista,
diante da notícia de que a ex-vereadora Sônia Santos (PTB) era
anteontem a favorita para o cargo,
reagiram prometendo retirar até
mesmo os 200 ônibus de sindicatos da central que já anunciaram
presença na convenção da frente,
na segunda-feira, em São Paulo.
Sem a Força, o presidenciável
perderia o potencial apoio de
1.600 sindicatos que reúnem cerca
de 14 milhões de trabalhadores
em todo o Brasil. A central sindical conta ainda com um orçamento anual médio de R$ 2,4 milhões.
Na tentativa de reverter o jogo a
favor de Paulinho, também foi cogitada a realização de uma votação para a escolha do vice no dia
da convenção. A iniciativa causaria um embaraço político ao encontro, marcado, a princípio, apenas para festejar a homologação
da chapa encabeçada por Ciro.
O líder sindical, segundo a Folha apurou, disse à frente que não
pretendia disputar a indicação e
que retiraria sua candidatura.
Afirmou ainda que também
abriria mão da vaga caso a escolha
fosse adiada para a próxima semana, conforme sugestão feita
por integrantes da frente, e prometeu apenas manter seu apoio
pessoal ao ex-ministro.
De pouca expressão política, o
nome de Sônia cresceu anteontem, um dia depois de a indicação
de Paulinho ter sido dada como
certa dentro do PTB.
Um pedido do presidente do
PDT, Leonel Brizola, para que a
escolha fosse adiada e uma pesquisa apontando Sônia com intenção de votos superior à do sindicalista serviram de pretexto para que a indicação da ex-vereadora fosse cacifada pelo PTB.
De acordo com petebistas e com
o PPS, teriam sido duas as razões
para a mudança de opinião de líderes do PTB sobre Paulinho. A
primeira delas, o fato de o sindicalista ter se apresentado como virtual vice de Ciro a Brizola antes de
um encontro formal com o presidente de seu partido, o deputado
José Carlos Martinez.
A orientação, dada a Paulinho
pelo próprio Ciro, teria sido desrespeitada por problemas envolvendo a agenda de Martinez.
O segundo motivo seria a intenção da cúpula do PTB de indicar
para a composição da chapa um
candidato sobre o qual pudesse
exercer maior influência.
Mulher x desempregados
Com o impasse, Martinez viajou
a São Paulo para uma reunião de
emergência com o presidente do
PTB local, Campos Machado, um
dos maiores entusiastas da indicação do líder sindical.
No encontro, contra a tese de
Martinez de que Sônia era eleitoralmente mais viável, Machado
argumentou, segundo a Folha
apurou, que, além de ser de São
Paulo e de integrar o diretório estadual petebista do maior colégio
eleitoral do país, o sindicalista
exerceria o papel de representante
dos desempregados na chapa.
""Mulher por mulher, já temos a
Patrícia Pillar", disse Machado a
interlocutores, em uma referência
à atriz e namorada de Ciro.
A ameaça da Força foi levada a
Ciro. A Folha apurou junto a interlocutores do presidenciável
que o ex-ministro não quer interferir no que considera uma disputa interna do PTB. Por isso, pretende que o partido se entenda até
amanhã antes de tomar qualquer
atitude em relação ao caso.
Adesivos
Na Força, a certeza da indicação
de Paulinho como vice levou a
central sindical a criar modelos de
adesivos que incluíam o nome do
sindicalista ao lado do de Ciro.
Integrantes da central afirmaram ainda que o presidente da
Força chegou a telefonar na segunda-feira para o presidente
Fernando Henrique Cardoso, de
quem é amigo, para anunciar que
deveria ser o escolhido.
Paulinho é o vice preferido do
PPS e do presidente da sigla, senador Roberto Freire. E, mesmo não
sendo o nome dos sonhos de Brizola, também não sofre vetos por
parte do pedetista, que tem dito
apenas que preferiria não "se precipitar" sobre o assunto.
"Os dois nomes merecem apreço. Ele é um sindicalista jovem, de
muito futuro. Ela [Sônia] é uma
mulher ativa e militante credenciada", declarou Brizola à Folha.
Inquérito
Após palestra para universitários nas Faculdades Metropolitanas Unidas (UniFMU), em São
Paulo, Ciro afirmou ontem que,
caso eleito, determinará a abertura de inquérito para apurar a
atuação do Bank of America.
"No dia em que assumir, esse
banco vai responder a inquérito
por manipular informação privilegiada. Vai pagar por isso de
acordo com as penas brasileiras
porque aqui não é um país das bananas", disse, em referência às
pesquisas de opinião encomendadas pelo banco.
Segundo ele, a Comissão de Valores Mobiliários seria responsável pela apuração. A assessoria do
banco afirmou que a instituição
não comentaria o assunto.
Colaborou LIEGE ALBUQUERQUE, da
Reportagem Local
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