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BASTIDORES
Estratégia de defesa foi discutida no AeroLula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Nunca dei dinheiro e nunca
pedi a ninguém para dar dinheiro
em meu nome", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em
reunião ontem à tarde no Palácio
do Planalto. Lula discutia com auxiliares a reação do governo à entrevista à Folha em que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ)
afirmou que o tesoureiro do PT,
Delúbio Soares, pagava mesadas a
deputados do PL e do PP em troca
de apoio ao governo.
Alternando momentos de tranqüilidade e ira, quando elevava a
voz, soltava palavrões e dizia estar
de "saco cheio" de acusações de
corrupção contra seu governo,
Lula afirmou: "Quem tiver feito
algo errado, que pague. Não vou
mentir. Não vou dizer nada que
me comprometa depois".
Ao líder do governo na Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP), Lula
disse que, se os líderes dos partidos aliados quiserem fazer "CPI
do mensalão, do mensalinho", ele
dará apoio. Criar tal CPI, porém,
será pouco provável se depender
dos partidos aliados.
Em vôo ao meio-dia de São Paulo a Brasília, a reação oficial a Jefferson começou a ser discutida
entre Lula, Chinaglia, o ministro
da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).
Lula disse que julgava "ridículo"
Jefferson ter dito que ele chorou
quando foi informado do suposto
"mensalão". O presidente disse
ainda que Jefferson não fez menção a Delúbio. Na Folha, Jefferson
disse que falou do tesoureiro.
A principal preocupação de Lula foi com a economia. Quis blindar o ministro Antonio Palocci
(Fazenda). Após semanas de crise
política, a economia foi contaminada ontem com a repercussão da
entrevista. O dólar subiu e a bolsa
caiu. Autorizado por Lula, Palocci
foi a primeira autoridade a divulgar nota negando ter ouvido Jefferson falar do "mensalão".
Lula decidiu adiar para hoje um
pronunciamento em rádio e TV,
previsto para ontem, do ministro
da Justiça a fim de incluir menção
a Jefferson. Thomaz dirá que Lula
faz o governo que mais combateu
a corrupção e abordará os casos
dos Correios e do IRB (Instituto
de Resseguros do Brasil).
Na reunião, Thomaz Bastos disse que a PF não poderia investigar
a acusação feita por Jefferson porque a iniciativa cabe ao procurador-geral da República, Claudio
Fonteles. Fonteles teria de pedir
abertura de inquérito ao STF, o
que é provável que seja feito, segundo apurou a Folha.
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