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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Salmeron alegou que cargo pertencia ao PTB e pediu demissão da presidência da estatal; no Rio, delegado do Trabalho se afasta
Apadrinhado por Jefferson deixa Eletronorte
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Apadrinhado por Roberto Jefferson
(PTB-RJ) para ocupar a presidência da
Eletronorte, Roberto Salmeron pediu demissão ontem do cargo que ocupava desde maio de 2004. Em seu lugar assume,
interinamente, o presidente do conselho
de administração da estatal e diretor de
engenharia da Eletrobrás, Valter Cardeal,
homem de confiança da ministra Dilma
Rousseff (Minas e Energia). Os demais
afilhados políticos do petebista em estatais, porém, mantiveram suas funções.
O pedido de demissão de Salmeron,
amigo pessoal de Jefferson, aconteceu no
dia em que a Folha publicou entrevista na
qual o presidente nacional do PTB afirmou que o PT paga um "mensalão" de R$
30 mil para deputados do PL e do PP.
Salmeron justificou sua saída argumentando que o cargo pertencia ao partido, e não a ele. Ele é citado na gravação
que revelou o esquema de corrupção nos
Correios como sendo uma das "pessoas-chave" que atuariam a favor de Jefferson.
Na entrevista à Folha, Jefferson disse
que Salmeron era como uma "rainha da
Inglaterra" porque a ministra Dilma
Rousseff preferia despachar com Ademar
Palocci, irmão do ministro da Fazenda e
diretor de engenharia da estatal.
A nomeação de Salmeron fez parte de
uma estratégia política do governo, que
tentava compor com o PMDB para evitar
uma CPI no caso Waldomiro Diniz. O então presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, foi demitido e, em seu lugar,
entrou Silas Rondeau, ligado ao então
presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), abrindo espaço para que o
PTB ocupasse a presidência da estatal.
Salmeron fez um discurso para os funcionários da estatal na empresa, em Brasília, transmitido por videoconferência para os demais escritórios da estatal. Segundo a Folha apurou, ele elogiou funcionários, lembrou que o cargo era do PTB e
não fez referências à crise política que começou com a divulgação da fita com o esquema de corrupção nos Correios, empresa da qual já foi vice-presidente.
À tarde, esteve com a ministra Dilma e
entregou sua carta de demissão. No último dia 25, Salmeron já havia ensaiado
um pedido de demissão, mas o PTB acabou desistindo de entregar o cargo.
Outros afilhados políticos de Jefferson
não tiveram a mesma atitude. Na Embratur, Emerson Palmieri, diretor de administração e finanças, continuava na função até ontem à tarde. O mesmo ocorreu
com o vice-presidente de logística da Caixa Econômica Federal, Carlos Alberto
Cotta, o diretor de planejamento e gestão
da Eletronuclear, Luiz Rondon, o diretor
de operações logísticas da BR Distribuidora, Fernando Cunha, e o diretor da
Agência Nacional de Saúde Suplementar,
Alfredo de Almeida Cardoso.
Rio
Indicado pelo presidente nacional do PTB, o titular da Delegacia
Regional do Trabalho do Rio,
Henrique Barbosa de Pinho e Silva, pediu exoneração do cargo
ontem após o jornal "O Globo"
ter anunciado no domingo que
ele estaria sendo investigado por
suposta prática de prevaricação.
"Solicitei minha exoneração por
entender que, diante das informações contidas na reportagem sobre a quebra de confiança da minha pessoa como titular deste órgão pelo poder central, em Brasília, mesmo infundadas e inverídicas sobre mim, não me restava
outra atitude", disse, por e-mail.
Silva assumiu a delegacia em 11
de abril de 2003. Ele alegou que a
investigação sobre prevaricação,
aberta pelo Ministério Público Federal, começou a partir de supostas irregularidades cometidas pela funcionária Denise Ferreira Rocha Azevedo, que acabou punida.
Na ocasião, ela foi flagrada pela
TV Globo pedindo propina a uma
empresa autuada pela delegacia.
Colaborou a Sucursal do Rio
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