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Patrimônio de senador cresceu 73% em 4 anos
Documentação apresentada para o Senado mostra salto de R$ 984 mil para R$ 1,7 milhão na sua declaração de renda
Senador mostrou ter renda, mas não conseguiu provar que o dinheiro enviado à Mônica era seu e não do lobista de uma empreiteira
RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A documentação apresentada pelo presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
aos colegas não conseguiu provar que os recursos entregues à
jornalista Mônica Veloso eram
dele e não de uma empreiteira,
mas, por outro lado, revelaram
crescimento patrimonial de
73% nos últimos quatro anos.
Renan pulou de um patrimônio declarado de R$ 984 mil no
final de 2002 para R$ 1,7 milhão no final de 2006 (os valores estão atualizados para dezembro de 2006), de acordo
com cópia da documentação a
que a Folha teve acesso.
Para tentar reforçar a tese de
que tinha dinheiro suficiente
para bancar o repasse da pensão à mãe da filha que teve fora
do casamento, Renan incluiu
na totalização de suas receitas
até a verba indenizatória usada
para ressarcir os parlamentares de gastos relativos ao exercício do mandato.
Além disso, somou supostos
ganhos agropecuários no valor
de R$ 1,92 milhão desde 2002,
sem abater despesas com essas
mesmas atividades que somariam R$ 600 mil. No mesmo
período, ele declarou ter vendido 1.902 bois e búfalos.
Apesar dos valores declarados, não há recibos mensais
que atestem o recebimento do
dinheiro pela jornalista. Com
isso, os valores que saíram da
conta de Renan podem ter ido
para a jornalista como podem
ter ido para qualquer outro pagamento.
Reportagem da revista "Veja" levantou a suspeita de que
Renan pode ter usado recursos
da empreiteira Mendes Júnior
para pagar fazer pagamentos à
jornalista entre 2004 e 2006. O
intermediário da parte desses
pagamentos seria Cláudio
Gontijo, lobista da empresa e
amigo de Renan.
A assessoria de Renan afirmou que o senador já prestou
as informações e os documentos ao Senado e que responderá
aos "órgãos da Casa" sobre
qualquer eventual dúvida.
A análise da documentação
repassada por Renan mostra
que de 2003 a 2006 ele teria
condições financeiras de ser o
autor dos pagamentos, com exceção de 2005, quando a soma
de suas receitas, descontadas
as despesas, mostram um buraco de R$ 32 mil se computados
os supostos pagamentos à jornalista.
Renan possui, de acordo com
sua última declaração de renda
(relativa ao ano de 2006) um
apartamento, uma casa, três fazendas e quatro veículos. O
bem mais caro na declaração é
uma fazenda em Flexeiras no
valor declarado de R$ 400 mil.
As últimas declarações também mostram que Renan recorreu a dois empréstimos no
período, um de R$ 57,7 mil com
a Caixa Econômica Federal e
outro de R$ 51 mil com um funcionário de seu gabinete pessoal, de nome Marcos Kummer, que recebia salário bruto
de cerca de R$ 7 mil ao mês.
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