São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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Patrimônio de senador cresceu 73% em 4 anos

Documentação apresentada para o Senado mostra salto de R$ 984 mil para R$ 1,7 milhão na sua declaração de renda

Senador mostrou ter renda, mas não conseguiu provar que o dinheiro enviado à Mônica era seu e não do lobista de uma empreiteira


RANIER BRAGON
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A documentação apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), aos colegas não conseguiu provar que os recursos entregues à jornalista Mônica Veloso eram dele e não de uma empreiteira, mas, por outro lado, revelaram crescimento patrimonial de 73% nos últimos quatro anos.
Renan pulou de um patrimônio declarado de R$ 984 mil no final de 2002 para R$ 1,7 milhão no final de 2006 (os valores estão atualizados para dezembro de 2006), de acordo com cópia da documentação a que a Folha teve acesso.
Para tentar reforçar a tese de que tinha dinheiro suficiente para bancar o repasse da pensão à mãe da filha que teve fora do casamento, Renan incluiu na totalização de suas receitas até a verba indenizatória usada para ressarcir os parlamentares de gastos relativos ao exercício do mandato.
Além disso, somou supostos ganhos agropecuários no valor de R$ 1,92 milhão desde 2002, sem abater despesas com essas mesmas atividades que somariam R$ 600 mil. No mesmo período, ele declarou ter vendido 1.902 bois e búfalos.
Apesar dos valores declarados, não há recibos mensais que atestem o recebimento do dinheiro pela jornalista. Com isso, os valores que saíram da conta de Renan podem ter ido para a jornalista como podem ter ido para qualquer outro pagamento.
Reportagem da revista "Veja" levantou a suspeita de que Renan pode ter usado recursos da empreiteira Mendes Júnior para pagar fazer pagamentos à jornalista entre 2004 e 2006. O intermediário da parte desses pagamentos seria Cláudio Gontijo, lobista da empresa e amigo de Renan.
A assessoria de Renan afirmou que o senador já prestou as informações e os documentos ao Senado e que responderá aos "órgãos da Casa" sobre qualquer eventual dúvida.
A análise da documentação repassada por Renan mostra que de 2003 a 2006 ele teria condições financeiras de ser o autor dos pagamentos, com exceção de 2005, quando a soma de suas receitas, descontadas as despesas, mostram um buraco de R$ 32 mil se computados os supostos pagamentos à jornalista.
Renan possui, de acordo com sua última declaração de renda (relativa ao ano de 2006) um apartamento, uma casa, três fazendas e quatro veículos. O bem mais caro na declaração é uma fazenda em Flexeiras no valor declarado de R$ 400 mil.
As últimas declarações também mostram que Renan recorreu a dois empréstimos no período, um de R$ 57,7 mil com a Caixa Econômica Federal e outro de R$ 51 mil com um funcionário de seu gabinete pessoal, de nome Marcos Kummer, que recebia salário bruto de cerca de R$ 7 mil ao mês.


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