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REGRA DO JOGO
CPI e pré-sal fazem da Petrobras pivô de lobbies no Congresso
Investigação sobre empresa no Senado e definição das regras de exploração do petróleo na Câmara mobilizam grupos de pressão
Para se defender na CPI, Petrobras terá empresa de comunicação para avaliar as notícias e escritório de lobby que acompanhe a comissão
VALDO CRUZ
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Antes mesmo de começar, a
CPI da Petrobras já agita a comunidade de lobistas da capital. Entre eles, a avaliação é que
a comissão, se de fato funcionar, pode se transformar na
maior guerra de lobby vivida
pelo governo Lula dentro do
Congresso Nacional.
A atenção dos lobistas não
estará focada só no Senado, onde a estatal estará sob investigação. Eles atuarão também na
Câmara, na guerra pela definição de regras de exploração das
reservas de petróleo do pré-sal.
Na semana passada, esse cenário começou a se desenhar.
Enquanto governo e oposição
disputavam o comando da CPI,
a Comissão de Minas e Energia
da Câmara reunia empresários
e especialistas para debater o
novo modelo do setor.
Um lobista definiu a situação
da seguinte forma: no Senado, a
ordem será proteger a Petrobras e seus fornecedores. Na
Câmara, aprovar um texto que
atenda ao interesse dos principais atores -Petrobras e petroleiras internacionais.
Enquanto a CPI pode começar a funcionar nos próximos
dias, o novo marco regulatório
do setor de petróleo deve ser
encaminhado ao presidente
Lula até o dia 15 de junho. Seu
envio ao Congresso está previsto para o início de agosto.
Estratégia
A estatal está montando uma
estratégia de defesa em Brasília. Para isso, busca um escritório de lobby para fazer o acompanhamento dos trabalhos da
CPI. E já conta com uma empresa de comunicação, a CDN,
para medir a temperatura das
notícias em tempo real.
A ordem é se antecipar a futuras denúncias. Uma grande
empresa lembra que a Petrobras, como não segue a Lei de
Licitações, costuma fazer aditivos que fogem ao padrão definido pelo TCU (Tribunal de Contas da União), prato cheio para
animar uma CPI.
O funcionamento da comissão e a fase final de definição
das regras do pré-sal vão alterar
também a agenda do presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Ele já decidiu que passará a despachar de Brasília pelo
menos dois dias por semana.
Gabrielli terá a ajuda direta
de José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora e cotado para assumir a presidência do PT, e do chefe do escritório da estatal em Brasília, Carlos Eduardo Figueiredo, no
contato com políticos da CPI.
Do lado das grandes empresas, tradicionais financiadoras
de campanhas, seus lobistas já
começaram a fazer contatos
com senadores na busca da
blindagem de seus patrões.
Economia
Maior empresa do país, a estatal tem cerca de 240 mil contratos, sendo que 500 deles
com valores acima de R$ 25 milhões, e é responsável pelas
principais obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), demonstração do interesse econômico envolvido.
Na sua batalha no Congresso,
a Petrobras terá um aliado do
lado de fora dos gabinetes. Os
petroleiros, ligados à CUT
(Central Única dos Trabalhadores), prometem fazer incursões a Brasília para pressionar
os congressistas.
Na Câmara, segundo a Folha
apurou, a bancada do PMDB,
sob comando do deputado
Eduardo Cunha (RJ), já se articula para atuar na votação do
projeto que definirá o novo
modelo de exploração. Comandando diretorias da Petrobras,
peemedebistas querem ampliar seu poder de influência.
As petroleiras internacionais, reunidas no IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e
Gás), também estão se movimentando. O IBP contratou
um escritório de lobby para
acompanhar a tramitação do
projeto no Congresso.
Primeiro resultado: foram
orientadas a mudar o tom do
discurso sobre a proposta que o
governo enviará como projeto
de lei à Câmara, que deve ser
apreciado em agosto, quando a
CPI já estaria funcionando.
A ordem é defender que o
importante não é o modelo
adotado, mas que nele continue a existir o sistema de leilão
para escolha das empresas que
vão explorar petróleo no país.
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