JOSÉ ALBERTO BOMBIG
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A quase 15 meses da primeira eleição após o embate entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB) pela Presidência da República, São Paulo começa a se transformar, literalmente, no campo de batalha entre tucanos e petistas pelo comando da maior cidade do país.
Confiantes na polarização entre os dois partidos, líderes tucanos e petistas ouvidos pela Folha dizem que o aumento de investimentos em obras e infra-estrutura na capital é, no momento, a principal arma das legendas com vistas à eleição municipal de 2004.
A Prefeitura de São Paulo, administrada por Marta Suplicy (PT), gastou só nos primeiros quatro meses deste ano R$ 817,9 milhões em obras, apenas R$ 135 milhões a menos do que o investido em todo o ano passado, segundo dados oficiais. Os números mostram que só nos primeiros quatro meses deste ano a prefeitura gastou com obras de infra-estrutura R$ 49 milhões a menos que em todo o ano passado, quando investiu R$ 198,7 milhões.
A previsão de investimentos do Estado, governado por Geraldo Alckmin (PSDB), na capital também é maior do que em 2002. A área da saúde, tida por tucanos como uma das mais frágeis do governo, pretende gastar neste ano R$ 67 milhões com obras em 12 hospitais. Em todo o ano passado, foram investidos R$ 48 milhões com obras. O Estado planeja ainda investir R$ 435 milhões com a habitação na capital: mais que o dobro do que gastou em 2002 -R$ 209,4 milhões.
O PT corre contra o tempo para tentar reverter os baixos índices de popularidade registrados pela prefeita Marta Suplicy nas sondagens de opinião pública.
Dentro do partido, a estratégia é combinar a "visibilidade" dos investimentos em obras com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para alavancar Marta -ela foi anunciada por Lula como pré-candidata à reeleição.
"A Marta pegou uma cidade quebrada e sua administração tem êxitos importantes, como a mudança no setor dos transportes. Além disso a recuperação visível da cidade irá reverter esse quadro", disse o presidente nacional do PT, José Genoino.
Oficialmente, a prefeitura petista confirma a prioridade às obras, mas diz que o aumento nos investimentos faz parte de um plano de governo traçado ainda 2001.
"Após dois anos de reestruturação da máquina pública e da elaboração de projetos técnicos, a prefeitura entra numa fase de elaboração de obras", diz documento enviado à Folha.
Os tucanos, confiantes em um desgaste da prefeita, planejam focar a campanha do ano que vem naquilo que chamam de "competência administrativa". "Queremos discutir e comparar gestões. Nós sabemos governar", disse o presidente do PSDB, José Aníbal.

Palmo a palmo
Enquanto o período para a propaganda política oficial não chega, PT e PSDB concorrem por aliados políticos e por espaços para erguer placas de obras.
No governo do Estado, quatro áreas serão prioritárias e receberão, pelo menos R$ 3,2 bilhões, contra R$ 2,6 bilhões de todo o ano passado. Coincidência ou não, os investimentos estaduais vão aumentar onde há intersecção com os serviços de competência também municipal, como habitação saúde e transporte.
As vitrines dos tucanos serão a ampliação do metrô e o aprofundamento da calha do rio Tietê. Do lado petista, a prefeita apresentará a construção das unidades dos CEUs (Centros Educacionais Unificados) e a reestruturação do transporte urbano.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Partidos da base aliada tendem a deixar PT sozinho na disputa local
Índice