São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005 |
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"República não cairá por minha causa"
CHICO DE GOIS DELÚBIO SOARES - O publicitário
confirmou a amizade com o ex-tesoureiro do PT e o aval ao empréstimo de R$ 2,4 milhões tomado pelo partido no BMG e, embora tenha pago uma das parcelas,
no valor de R$ 350 mil, afirmou
que ainda não cobrou esse valor
da legenda. Ele afirmou que deixou de ser avalista do partido.
"[Delúbio] me pediu para ser avalista porque o partido precisava liquidar um débito e o BMG queria
o aval de alguém que tivesse lastro. Hoje não sou mais avalista." SILVIO PEREIRA - Afirmou que
seu relacionamento com Silvio
Pereira era "estritamente político", uma vez que o ex-secretário
era responsável por organizar
candidaturas do partido. Negou
ter negociado cargos com ele. JOSÉ DIRCEU - Marcos Valério
confirmou que se reuniu com o
ex-ministro da Casa Civil no Palácio do Planalto. Na ocasião, estava
acompanhado por José Augusto
Dumont, do Banco Rural. Ele negou que a conversa tenha sido sobre eventual benefício ao banco.
Valério afirmou que era amigo do
ex-vice-presidente da instituição,
morto em 2004. "Ele [Dumont]
foi informar que iria explorar minas de nióbio no Amazonas." BANCO RURAL - De acordo com o
publicitário, ele utilizou duas vezes aviões do banco, mas negou
que tenha sido para levar malas de
dinheiro a deputados. O publicitário disse que esteve no Banco
Central com o vice-presidente do
banco e acompanhado do deputado federal Virgílio Guimarães
(PT-MG), mas não informou o
motivo do encontro. "Entrei mudo e saí calado." Ele confirmou
que renegociou um débito de R$ 9
milhões com a instituição, pagando apenas cerca de R$ 2 milhões. SAQUES - Marcos Valério confirmou os saques em dinheiro feitos
no Banco Rural, mas não deu detalhes sobre o destino dos recursos. Quando questionado por
parlamentares, repetia que a verba serviu para "pagar fornecedores". Ele disse que suas contas estão à disposição e que a Receita
está investigando sua movimentação financeira. "O movimento
da minha empresa corresponde à
rotina de qualquer empresa. Não
tenho nada a esconder." ROBERTO JEFFERSON - Contestou
as afirmações de que teria se encontrado com ele na primeira
quinzena de julho de 2004 para
entrega de recursos para campanhas dos petebistas. Mostrou,
com cópias de reservas de hotel e
tíquetes aéreos, que só esteve em
Brasília no dia 7 daquele mês e
que em 9 de julho viajou para Nova York, retornando dia 18. "O deputado Roberto Jefferson ia construindo seu depoimento durante
as entrevistas, criando teses." R$ 4 MILHÕES - Marcos Valério
negou que tenha entregue R$ 4
milhões a Jefferson. Disse que conhece Emerson Palmieri, tesoureiro informal do partido, com
quem esteve na sede do PT, em
Brasília. "Conversamos sobre política e eleições. Ele me contou histórias de suas viagens com uma
Harley Davidson. Não houve nenhum negócio de levar dinheiro." FAZENDAS - Sobre a aquisição de
fazendas na Bahia, o publicitário
afirmou que adquiriu as propriedades por meio de um corretor e
que não conhece os ex-donos. Entregou ao relator um pacote com
documentação das propriedades. JOSÉ BORBA - Questionado sobre
sua suposta influência no governo
e na divisão de cargos, como disse
o então líder do PMDB na Câmara, José Borba, o publicitário negou e disse que era "mentira" do
deputado. "Não tratei de cargos;
tratei de campanhas do PMDB.
Até porque, daqui a pouco, serei
um ministro sem pasta". Parlamentares gritaram: "Já é!" PIMENTA DA VEIGA - Marcos Valério afirmou que se aproximou
do ex-ministro Pimenta da Veiga
por conta de um drama familiar
em comum: os dois tiveram filhos
vítimas de câncer. Afirmou que
contratou os serviços de advocacia de Veiga para poder ajudar no
pagamento do tratamento. "O
contrato foi feito em 2003, quando ele já não era ministro." PROCURADOR DA REPÚBLICA -
Sobre as reservas de passagens e
hospedagem em nome do procurador Glênio Guedes, que constam da agenda entregue pela ex-secretária Fernanda Karina Somaggio, o publicitário disse que se
aproximou de Guedes "pela paixão em comum pelo esporte", no
caso, equitação. Ele negou que tenha beneficiado o procurador
com intenção de obter vantagens
para o Banco Rural. "Ele me solicitava para que eu emitisse as passagens. Ele me reembolsou." FERNANDA KARINA - Disse que a
demitiu porque percebeu que não
precisava mais de uma secretária.
Negou que ela tenha presenciado
qualquer transação em dinheiro
feita em malas. "A Karina ficava
no primeiro andar da agência, e o
setor administrativo, no segundo.
Ela não tinha acesso ao setor financeiro." Disse que, depois que
Karina deixou a empresa, ligou
várias vezes "solicitando ajuda financeira". Segundo ele, ela enviou vários e-mails na qual fazia
ameaças veladas. Valério leu alguns desses e-mails e deu a entender que ela foi paga para conceder
a entrevista à "IstoÉ Dinheiro". CONTAS NO EXTERIOR - Disse que
nunca enviou recursos para o exterior como pessoa física. Assentiu que a empresa paga fornecedores em outros países, "cerca de
US$ 7.000 a US$ 10 mil". DEPOIMENTO - Procurou tranqüilizar os parlamentares. Disse
que não tem poder para "abalar a
República". "Eu não me dou toda
essa importância. Sou um cidadão normal. Meu depoimento
não iria tirar o sono do presidente
ou de algum parlamentar." |
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