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ELEIÇÕES 2006 / MÁQUINA PÚBLICA
Lula retribui apoio do PMDB com a direção dos Correios
Partido indica presidente e três diretores de estatal por desistir de candidato próprio
Empresa, que foi pivô do
escândalo do mensalão,
faturou R$ 8,6 bi em 2005
e deve gastar R$ 90 mi
em publicidade neste ano
HUMBERTO MEDINA
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em ano eleitoral, o governo
deu ao PMDB o controle sobre
a direção dos Correios. Ontem,
o "Diário Oficial" da União publicou a indicação do novo presidente da empresa e de três diretores, todos ligados à bancada do partido no Senado. A nomeação de mais três diretores
deve sair nos próximos dias.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o
senador José Sarney (PMDB-AP) e o líder do governo na Casa, Romero Jucá (PMDB-RR),
capitanearam as indicações.
A ala governista do PMDB é
cortejada por Lula, que busca o
apoio do partido para fortalecer seus palanques regionais,
além de prometer um governo
de coalizão caso seja reeleito.
A indicação também é classificada pela oposição como um
pagamento pela operação dos
governistas do PMDB que impediram o partido de lançar
candidato próprio à Presidência. Com isso, aumentam as
chances de Lula ganhar a disputa no primeiro turno.
"Não é possível que uma entidade como os Correios, que ficou tão exposta pelo que foi
praticado ali dentro, seja motivo de barganha para abrigar
apaniguados de partidos", disse
o senador Heráclito Fortes
(PFL-PI), ontem no plenário.
A estatal é uma das maiores
empresas do país, tem 110 mil
empregados, comanda investimentos de aproximadamente
R$ 500 milhões, tem verba publicitária de cerca de R$ 90 milhões e, em 2005, faturou R$
8,6 bilhões (e lucrou R$ 393 milhões). O salário de diretor é de
cerca de R$ 18 mil e o de presidente, de cerca de R$ 20 mil.
O novo presidente dos Correios, Carlos Henrique Almeida Custódio, é uma indicação
do ministro das Comunicações,
Hélio Costa (PMDB-MG); Carlos Roberto Samartine Dias,
novo diretor de Operações, foi
sugerido pelo líder do PMDB
no Senado, Ney Suassuna (PB);
Manassés Leon Nahmias, novo
diretor de Tecnologia, é indicado pelo senador Luiz Otávio
(PMDB-PA). O novo diretor
Comercial, Samir de Castro
Hatem, é indicação de Jucá.
"O PMDB indicou pessoas
técnicas e que têm experiência.
Essas nomeações referendam
que o PMDB está colaborando
com o governo", afirmou Jucá.
O novo presidente dos Correios ocupava o cargo de diretor de Crédito da Caixa Econômica Federal. Hatem foi presidente do INSS quando Jucá foi
ministro da Previdência. Os outros dois nomes já faziam parte
dos quadros da empresa.
Corrupção
Há um ano, a diretoria dos
Correios pediu demissão coletiva em meio à crise que surgiu
com a divulgação de fitas na
quais um funcionário aparecia
recebendo propina. A crise originou o escândalo do mensalão.
Quando a crise eclodiu, o
PMDB tinha a presidência e
três diretorias. O PT tinha duas
diretorias e o PTB, uma. Com a
demissão, nomes técnicos da
empresa assumiram os cargos.
Agora, o PMDB volta ao comando da empresa com a expectativa de que não haja divisão de poder. O partido quer
ainda as três diretorias que
aguardam nomeação (Administração, Econômico-Financeira e Recursos Humanos).
Acusações
Os membros do partido que
fizeram as indicações são acusados de irregularidades. Jucá
foi investigado por supostas irregularidades no empréstimo
concedido pelo Basa (Banco da
Amazônia) à empresa Frangonorte, que pertenceu ao senador entre 1994 e 1997. Ele nega.
O senador Ney Suassuna teve
dois assessores presos na operação "Sanguessuga", da Polícia
Federal, que desbaratou a máfia que vendia ambulâncias superfaturadas para prefeituras.
Já o senador Luiz Otávio, que
chegou a ser cogitado para assumir um cargo de ministro do
Tribunal de Contas da União,
acabou não assumindo a função porque era investigado pelo
próprio tribunal por suposto
desvio de verbas públicas.
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