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Petistas que se abstiveram afirmam que não querem romper com governo
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Os oito parlamentares do PT
que se abstiveram na votação da
reforma da Previdência -e que
podem até ser expulsos- afirmaram que fizeram isso como um sinal de "alerta" para o governo e
que querem manter diálogo com
o Planalto.
"Temos que sinalizar para o governo que há uma insatisfação.
Não podemos violar a nossa consciência", disse Ivan Valente (SP).
"Isso não é um ensaio nem um
desejo de ruptura. Temos claro
que o governo tem condições de
realizar mudanças", afirmou
Walter Pinheiro (BA).
Segundo Pinheiro, esse grupo
nunca "ofendeu" o governo nem
"promoveu ataques de caráter
pessoal". Ele evitou, entretanto,
traçar uma comparação com os
os três petistas que votaram contra o governo -Luciana Genro
(RS), Babá (PA) e João Fontes
(SE)- e que, por isso, devem ser
expulsos do partido.
Além de Valente e Pinheiro, se
abstiveram os deputados: Mauro
Passos (SC), Maninha (DF), João
Alfredo (CE), Orlando Fantazzini
(SP), Paulo Rubem (PE) e Chico
Alencar (RJ).
Numa reunião na Câmara, em
que divulgaram um documento
expondo seus motivos, os petistas
disseram ainda temer outras propostas do governo, como as reformas tributária e trabalhista e
questões como a autonomia do
Banco Central.
Eles pretendem votar a favor de
destaques que tratem de pelo menos cinco pontos que consideram
fundamentais para tornar a reforma um pouco mais palatável
-contribuição dos inativos, alterações no sistema de pensões, regras de transição, paridade e fundos de pensão.
Segundo os oito deputados, as
regras de transição são o ponto
que tem maior apelo em toda a
bancada do PT.
A decisão de não votar foi comunicada à bancada na noite de
anteontem após mais de duas horas de reunião, da qual participaram outros do "grupo dos 28"
-petistas que fazem críticas ao
modelo econômico, mas que não
são do grupo dos radicais.
O presidente nacional do PT,
José Genoino, estava na reunião
quando recebeu um telefonema
do ministro José Dirceu (Casa Civil). Segundo os presentes, Dirceu
tentou acalmar os ânimos e teria
dito aos deputados que, votando
com o governo, poderia ser estudado um reajuste salarial para
certas categorias de servidores.
Na saída da reunião da bancada,
muitos petistas estavam chorando, entre eles Doutor Rosinha
(PR) e Orlando Desconsi (RS).
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