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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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ROBERTO MARINHO
1904 - 2003


O corpo do jornalista e empresário será sepultado hoje, às 16h, no cemitério São João Baptista, no Rio de Janeiro

Morre Roberto Marinho, criador da Globo

Marco Antonio Rezende - 3.dez.2002/Folha Imagem
O empresário Roberto Marinho comemora seu 98º aniversário em sua casa, no Cosme Velho, zona sul do Rio, com seu filho José Roberto e seus netos Paulo e Roberto


DA SUCURSAL DO RIO

O empresário e jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo, morreu ontem à noite, aos 98 anos, no Rio de Janeiro.
Marinho, que iniciou seu império de comunicação ao assumir o jornal "O Globo", fundado em 1925 por seu pai, Irineu Marinho, sofreu um edema pulmonar por volta de 9h30 da manhã de ontem, em sua casa, e foi internado na unidade de terapia intensiva do hospital Samaritano (Botafogo, zona sul). Os médicos iniciaram uma cirurgia para tentar dissolver o coágulo por volta das 21h30, mas o empresário não resistiu.
A morte de Marinho foi anunciada pela TV Globo por volta das 22h45. Pouco antes, a Central Globo de Comunicação havia divulgado uma nota informando sobre a internação do empresário, que era membro da Academia Brasileira de Letras.
Roberto Marinho deixa viúva, Lili Marinho, e três filhos, Roberto Irineu, 55, João Roberto, 49, e José Roberto Marinho, 47, todos do primeiro casamento, com Stella de Campos Goulart. Tinha 11 netos e cinco bisnetos.

Luto oficial
O corpo será velado hoje, a partir das 10h, em sua casa, no Cosme Velho (zona sul). O enterro será às 16h no mausoléu da família Marinho, no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a governadora Rosinha Matheus, do Rio, decretaram três dias de luto oficial no país e no Estado, respectivamente.
A última aparição pública de Marinho foi no dia 29 de julho, quando participou da missa em comemoração aos 78 anos de "O Globo". Nota divulgada pela Central Globo de Comunicação diz que o empresário deu "prova de coragem e confiança no Brasil" ao fundar aos 60 anos a TV Globo, que viria a se tornar na virada dos anos 60 para os 70 a maior rede de televisão do país. Foi a partir dessa época, com a consolidação da hegemonia da Globo entre os meios de comunicação, que Marinho amplificou seu poder de influência econômica e política.
As Organizações Globo reúnem hoje, além da rede de TV, emissoras de rádio, jornais no Rio e em São Paulo, a editora Globo, empresa de TV por assinatura e a Fundação Roberto Marinho. A morte do empresário ocorre no momento em que as empresas vivem a maior crise financeira de sua história.
Os filhos de Roberto Marinho divulgaram uma mensagem na qual se dizem "consternados" com a morte do pai e afirmam que seguirão o caminho do empresário, que teve uma "vida reta, dedicada ao trabalho e, fundamentalmente, ao desenvolvimento do Brasil".
Segundo a mensagem, o empresário tinha "fibra em busca da verdade", "determinação na busca de realizar sonhos" e uma posição "obstinada" em defesa da cultura nacional. "Este é o único caminho que um conjunto de empresas como as Organizações Globo pode seguir", concluiu a nota, na qual os filhos de Roberto Marinho reafirmam confiança "no futuro de nosso Brasil".
Estiveram ontem à noite no hospital Samaritano dois dos filhos do empresário, João Roberto e Roberto Irineu, que não deram entrevista, além do seu irmão, Rogério Marinho. "É uma tristeza muito grande. Perdi mais do que um irmão. Perdi um segundo pai", disse Rogério Marinho.
Com a morte de Roberto Marinho, ficará vaga a cadeira número 39 da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 1993, substituindo o jornalista Otto Lara Resende. O empresário publicou, em 1992, um livro que recebeu o título de "Uma trajetória liberal", reunindo textos em que relatava sua convivência com personalidades históricas como Carlos Lacerda, Tancredo Neves e Luís Carlos Prestes.


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