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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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Grupo é o maior império de mídia do país

DA SUCURSAL DO RIO
DA REDAÇÃO

Roberto Marinho construiu o maior império de comunicação no país e um dos maiores do mundo.
Desde que o empresário ganhou sua primeira concessão, em 1957, no governo Juscelino Kubitschek, formou a maior rede de TV do país, uma das maiores dom mundo, que hoje cobre 99,98% do território nacional. São 115 emissoras, das quais 32 já foram propriedade da família.
O maior indicador de seu poderio é a participação de 77% nas receitas publicitárias em TV no país. No ano passado, de cada 100 televisores ligados no Brasil, 54, em média, estavam sintonizados na Globo.
Atualmente, o grupo enfrenta um momento delicado, causado por sua estratégia de diversificação de negócios, nos anos 90, quando apostou na TV por assinatura e nas telecomunicações.
A Globopar, holding do grupo, tem dívidas de US$ 1,365 bilhão e anunciou, em setembro do ano passado, processo de reestruturação.
O maior investimento da família fora das mídias tradicionais foi a implantação da Globo Cabo, atual Net Serviços. Os Marinho esperavam que a empresa chegaria ao final de 2001 com 3,5 milhões de clientes, mas, por conta da crise econômica brasileira, tem hoje 1,3 milhão.
Em outubro de 2001, o vice-presidente das Organizações Globo, Roberto Irineu Marinho, cogitou abrir mão do controle da Globo Cabo para viabilizar a entrada de novos sócios que alavancassem a companhia.
"Não queremos é perder o controle da Rede Globo, da geração de conteúdo. (...) Perder o controle da Globo Cabo é uma coisa que pode acontecer", disse ele, na ocasião. Essa hipótese, no entanto, não se confirmou. A família permanece no controle da empresa.
A crise mundial das empresas de tecnologia afetou outro empreendimento da família Marinho: a Globo.com. A Telecom Italia, que é acionista do negócio, contabilizou como perda no balanço de 2001 o investimento de US$ 810 milhões que havia feito na companhia. ""O valor das ações é zero", resumiu, em Milão, o presidente mundial da Telecom Italia, Marco Tronchetti Provera.

Mídia impressa
Os Marinho também ampliaram seu poder na mídia impressa. Em 98, o grupo surpreendeu o mercado ao lançar, quase simultaneamente, o jornal "Extra", no Rio de Janeiro, e a revista "Época", em São Paulo. O investimento nos dois projetos foi estimado em cerca de R$ 100 milhões.
Dois anos depois, lançou, em sociedade com a Empresa Folha da Manhã S.A. -que edita a Folha-, o jornal "Valor Econômico". O investimento conjunto foi de US$ 50 milhões, com participação igual dos dois sócios.
Em 2001, o grupo deu mais um passo em direção à concentração do mercado de jornais: comprou o "Diário Popular", do ex-governador Orestes Quércia, e mudou o nome da publicação para "Diário de S. Paulo".
"O poder de mercado da Globo não tem paralelo no mundo, por sua presença forte em todas mídias e, particularmente, na televisão que concentra a maior verba publicitária. Este poder é ainda mais expressivo porque as Organizações Globo nunca tiveram pudor em transformar seu poder de mercado em poder político", afirma Murilo Ramos, diretor da Faculdade de Comunicação da UnB (Universidade de Brasília) e um dos maiores estudiosos da mídia no Brasil.
O faturamento bruto da Globopar em 2002 foi de R$ 3,6 bilhões - sendo que a TV Globo produziu 70% dessa receita. As dívidas da Globopar e de suas subsidiárias somavam US$ 1,4 bilhão em dezembro do ano passado.
A diversificação do investimentos levou a família Marinho a buscar sócios no exterior. Em 95, o grupo associou-se ao empresário Rupert Murdoch, para o lançamento da Sky (TV por assinatura com transmissão via satélite). A News Corporation tinha inicialmente 36% do empreendimento no Brasil. A partir de 2002, a News Corporation, com o grupo Liberty Media, assumiu o controle gerencial da empresa.


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