São Paulo, domingo, 07 de agosto de 2005

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HISTÓRIA

Veja como os governos reagem às crises

DA REDAÇÃO

Governos em crise costumam reagir às pressões de três maneiras: eles ampliam a exposição do presidente (discursos, inaugurações), anunciam medidas de impacto (reajustes salariais, decretos nacionalistas) e tentam recuperar apoio no Congresso (troca de ministros, liberação de verbas).
Esse conjunto de ações nem sempre é bem sucedido. O segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954) nunca contou com uma sólida base parlamentar. Tentativas de ampliar essa base com reformas ministeriais não tiveram êxito. A partir de 1954, Vargas tentou ampliar seu apoio junto à população concedendo um aumento de 100% no salário mínimo -o que provocou uma radicalização dos empresários, da oposição (UDN) e dos militares.
Vargas ainda conseguiu derrotar um pedido de impeachment em junho de 1954. Mas o atentado promovido em 5 de agosto por integrantes da guarda presidencial contra Carlos Lacerda, líder da oposição, liquidou todas as possibilidades de resistência: diante da pressão militar para que renunciasse, Vargas se matou no dia 24.
Juscelino Kubitschek, do PSD, teve mais sucesso na área política. Detentor de uma base congressual muito mais ampla, seu governo passou a enfrentar, a partir de 1958, dificuldades econômicas: déficit orçamentário e inflação crescentes (em razão dos pesados investimentos em infra-estrutura e na construção de Brasília).
Em 1958, JK trocou o ministro da Fazenda e adotou uma política recessiva -que contribuiu para a derrota do PSD nas eleições daquele ano. Desgastado, o presidente retomou sua política desenvolvimentista: aumentou o salário mínimo em 30% em janeiro de 1959, concedeu novos subsídios aos cafeicultores e às indústrias de base e rompeu com o FMI.
A crise que resultou na deposição de João Goulart (1961-1964) tem um perfil semelhante à que conduziu ao suicídio de Vargas. No início de 1963, Jango adotou uma política econômica recessiva que desgastou seu governo sem ter conseguido conter a inflação e o déficit no balanço de pagamentos. Em setembro, o presidente desistiu de tentar obter o apoio do empresariado e mudou de rumo, passando a defender as reformas de base (sobretudo a reforma agrária). No início de 1964, adotou medidas nacionalistas (como a regulamentação das remessas de lucro ao exterior) e decretou a encampação das refinarias privadas e a desapropriação das propriedades ao longo de vias federais e açudes. Foi deposto pelos militares em 31 de março.
Antes de ser afastado pela Câmara, em 29 de setembro de 1992, Fernando Collor multiplicou suas aparições na TV, liberou verbas para emendas parlamentares e concedeu aumentos salariais. Não teve êxito e teve de renunciar.


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