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HISTÓRIA
Veja como os governos reagem às crises
DA REDAÇÃO
Governos em crise costumam
reagir às pressões de três maneiras: eles ampliam a exposição do
presidente (discursos, inaugurações), anunciam medidas de impacto (reajustes salariais, decretos
nacionalistas) e tentam recuperar
apoio no Congresso (troca de ministros, liberação de verbas).
Esse conjunto de ações nem
sempre é bem sucedido. O segundo governo de Getúlio Vargas
(1951-1954) nunca contou com
uma sólida base parlamentar.
Tentativas de ampliar essa base
com reformas ministeriais não tiveram êxito. A partir de 1954,
Vargas tentou ampliar seu apoio
junto à população concedendo
um aumento de 100% no salário
mínimo -o que provocou uma
radicalização dos empresários, da
oposição (UDN) e dos militares.
Vargas ainda conseguiu derrotar um pedido de impeachment
em junho de 1954. Mas o atentado
promovido em 5 de agosto por integrantes da guarda presidencial
contra Carlos Lacerda, líder da
oposição, liquidou todas as possibilidades de resistência: diante da
pressão militar para que renunciasse, Vargas se matou no dia 24.
Juscelino Kubitschek, do PSD,
teve mais sucesso na área política.
Detentor de uma base congressual muito mais ampla, seu governo passou a enfrentar, a partir de
1958, dificuldades econômicas:
déficit orçamentário e inflação
crescentes (em razão dos pesados
investimentos em infra-estrutura
e na construção de Brasília).
Em 1958, JK trocou o ministro
da Fazenda e adotou uma política
recessiva -que contribuiu para a
derrota do PSD nas eleições daquele ano. Desgastado, o presidente retomou sua política desenvolvimentista: aumentou o salário mínimo em 30% em janeiro de
1959, concedeu novos subsídios
aos cafeicultores e às indústrias de
base e rompeu com o FMI.
A crise que resultou na deposição de João Goulart (1961-1964)
tem um perfil semelhante à que
conduziu ao suicídio de Vargas.
No início de 1963, Jango adotou
uma política econômica recessiva
que desgastou seu governo sem
ter conseguido conter a inflação e
o déficit no balanço de pagamentos. Em setembro, o presidente
desistiu de tentar obter o apoio do
empresariado e mudou de rumo,
passando a defender as reformas
de base (sobretudo a reforma
agrária). No início de 1964, adotou medidas nacionalistas (como
a regulamentação das remessas
de lucro ao exterior) e decretou a
encampação das refinarias privadas e a desapropriação das propriedades ao longo de vias federais e açudes. Foi deposto pelos
militares em 31 de março.
Antes de ser afastado pela Câmara, em 29 de setembro de 1992,
Fernando Collor multiplicou suas
aparições na TV, liberou verbas
para emendas parlamentares e
concedeu aumentos salariais. Não
teve êxito e teve de renunciar.
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