São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Aliado de Dantas doou a presidente da CPI

Dório Ferman, que aparece nos registros oficiais como o dono do Opportunity, deu R$ 10 mil para campanha de Marcelo Itagiba

Deputado indeferiu pedido de Protógenes, que indiciou braço direito de banqueiro na Satiagraha, para adiar depoimento em comissão


RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da CPI dos Grampos, o deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que anteontem indeferiu o pedido do delegado Protógenes Queiroz para adiar seu depoimento na comissão, recebeu, em 2006, R$ 10 mil em doação eleitoral do executivo Dório Ferman, que aparece nos registros oficiais como o dono do banco Opportunity, de Daniel Dantas.
Preso pela Polícia Federal, Ferman foi indiciado por Protógenes no relatório final da Operação Satiagraha sob acusação de gestão fraudulenta.
A campanha eleitoral de outro ativo integrante da CPI, Raul Jungmann (PPS-PE), suplente da comissão, também recebeu R$ 4.000 de Ferman. Jungmann afirmou que a doação ocorreu durante um jantar de apoio à sua candidatura promovido pelo ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga para reunir "amigos ligados a corretoras de valores e mercado financeiro".
Braço direito de Daniel Dantas, Ferman é dono de 99% das cotas do Opportunity. Para a PF, trata-se de um testa-de-ferro de Dantas -dos registros oficiais, Dantas não consta como dono do banco. Ferman também aparece como sócio-proprietário da empresa Opportunity Lógica Gestão de Recursos Ltda. e passou a dirigir, em fevereiro deste ano, um novo fundo internacional criado pelo Opportunity.
"O capo da organização [Daniel Dantas] começou a carreira com ele [Dório Ferman] em uma corretora de valores na cidade do Rio de Janeiro, no ano de 1980. Desde esse tempo estabeleceu uma relação de confiança muito próxima, chegando ao ponto de exercer a presidência de algumas empresas estratégicas do grupo Opportunity. A tudo assiste e consente sem o menor pudor a atos relacionados a gestão fraudulenta praticados pela organização criminosa de Dantas", afirmou o relatório final do delegado da PF, entregue à Justiça Federal.
Entre os integrantes da CPI estão alguns parlamentares que foram, direta ou indiretamente, alvo de investigações conduzidas pela Polícia Federal nos últimos anos. O presidente da comissão, Marcelo Itagiba, que é delegado da PF e foi secretário de Segurança Pública da governadora Rosinha Matheus (2003-2006), foi citado na Operação Cerol, realizada em 2006 pela PF no Rio para investigar suposto favorecimento a empresários acusados de crimes fazendários. Ele não foi denunciado no inquérito. Seu nome apareceu no noticiário sobre o caso e ele teve que dar seguidas explicações.
Em carta enviada à Folha em 2006, Itagiba negou que tivesse tido envolvimento em irregularidades.
A deputada federal Marina Maggessi (PPS-RJ), que integra a CPI, apareceu em grampos telefônicos feitos com autorização judicial na Operação Hurricane. Ela fez um longo desabafo durante uma audiência na CPI. "Fui uma vítima de uma maneira covarde, extremamente covarde, absurda. Eu nunca fui monitorada. Eu não estava sendo investigada por nada. Durante uma semana, há exatamente um ano, me sangraram na imprensa diariamente", disse a deputada, de acordo com as notas taquigráficas da comissão.


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