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"Eu valho mais que uma CPI", diz Tuma Jr. sobre novo cargo
Futuro secretário de Justiça nega relação de indicação com atuação do pai no Senado
Ex-deputado estadual nega que ida para o governo tenha a ver com engavetamento da CPI da Petrobras, que foi solicitada pelo senador Tuma
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Prestes a assumir a Secretaria Nacional de Justiça, o policial e ex-deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB-SP)
rechaça a possibilidade de o novo cargo estar relacionado a
uma troca política orquestrada
pelo governo federal para garantir o apoio do senador Romeu Tuma (DEM-SP) em votações importantes.
"Eu valho mais do que uma
CPI", afirma Tuma Júnior, 47,
em referência a um eventual
engavetamento da CPI da Petrobras, cuja instalação foi solicitada pelo senador Tuma para
investigar contratos da estatal
com organizações não-governamentais ligadas ao PT. Com a
indicação do filho, o pedido ficaria de molho.
Delegado classe especial da
Polícia Civil, Tuma Júnior diz
ainda ser "ridícula a especulação" de que o suposto acordo
envolveu também o voto contrário do senador à cassação de
Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Dou risada quando leio isso
nos jornais. Quem me conhece,
sabe do meu preparo para assumir o cargo", afirma Tuma Júnior, que é casado, tem três filhos e uma neta.
FOLHA - Qual será a prioridade do
sr. na Secretaria Nacional de Justiça?
ROMEU TUMA JR. - Darei ênfase
ao combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, especialmente na recuperação de ativos. Vou buscar uma integração
efetiva entre as polícias, os Poderes Judiciários e os Ministérios Públicos. No âmbito exterior, o Brasil tem muitos acordos bilaterais. Quero alguma
coisa mais grandiosa, fazer com
que os países busquem uma legislação uniforme no combate
à lavagem e na recuperação de
ativos, para que os paraísos fiscais ajudem nesse sentido.
FOLHA - E como pretende convencer países como o Líbano, que está
muito distante de uma cooperação?
TUMA JR. - Vou buscar um diálogo cotidiano, um convencimento nesses fóruns internacional. Quero mostrar que o
combate à lavagem de dinheiro
é tão importante quanto o combate ao terrorismo. Sei que outros secretários já tentaram,
mas cada um que passa bota um
tijolo a mais. Será feita ainda
uma legislação para o combate
ao tráfico de pessoas. Tenho experiência nessa área. Quando
fui comissionado na Polícia Federal, há cerca de 15 anos, fiz a
primeira operação contra o tráfico internacional de mulheres.
FOLHA - Foi seu pai, ex-superintendente da PF, que o indicou à época?
TUMA JR. - Não teve interferência do meu pai. Um grupo de
delegados foi "emprestado" para a PF. Eu estava junto.
FOLHA - E para o atual cargo na Secretaria Nacional de Justiça, houve
interferência de seu pai?
TUMA JR. - Dou risada quando
leio isso. Quem conhece a minha atuação profissional e a
forma como penso sabe que tenho um puta orgulho de ser filho de quem sou, não me desmerece em nada. Nunca assumiria um cargo dessa magnitude, que exige qualificação profissional, por indicação política.
Sempre fui contra isso. Nunca
contratei alguém por indicação
política. Sem competência,
queima a pessoa e o padrinho.
FOLHA - O sr. acha que a sua indicação é uma tentativa de o governo
garantir o apoio de seu pai?
TUMA JR. - Dizer que a minha
indicação foi uma troca política
é ridículo. Dizem que meu pai
teria a obrigação de me indicar
para o cargo, mas não me indicou. Estou bravo com ele. [Risos] Isso é ridículo. Recebi o
convite do ministro Tarso Genro. Aceitei. Bati um papo com o
pai Romeu Tuma e comuniquei
o fato ao senador Romeu Tuma.
FOLHA - O sr. acha que seu pai vai
colocar de molho a CPI da Petrobras?
TUMA JR. - Eu valho muito mais
do que uma CPI. Acho um absurdo falar em troca. A minha
vida é independente da dele.
Ele jamais trocaria uma CPI
por um cargo. É ridículo. E eu
jamais aceitaria qualquer cargo, nem de ministro, sabendo
que era por uma negociata.
FOLHA - O sr. pretende imprimir
seu estilo policial na secretaria?
TUMA JR. - A experiência policial sempre é um handicap para
tratar de temas técnicos. A experiência vai me ajudar.
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