São Paulo, sexta-feira, 07 de setembro de 2007

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"Eu valho mais que uma CPI", diz Tuma Jr. sobre novo cargo

Futuro secretário de Justiça nega relação de indicação com atuação do pai no Senado

Ex-deputado estadual nega que ida para o governo tenha a ver com engavetamento da CPI da Petrobras, que foi solicitada pelo senador Tuma

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Prestes a assumir a Secretaria Nacional de Justiça, o policial e ex-deputado estadual Romeu Tuma Júnior (PMDB-SP) rechaça a possibilidade de o novo cargo estar relacionado a uma troca política orquestrada pelo governo federal para garantir o apoio do senador Romeu Tuma (DEM-SP) em votações importantes.
"Eu valho mais do que uma CPI", afirma Tuma Júnior, 47, em referência a um eventual engavetamento da CPI da Petrobras, cuja instalação foi solicitada pelo senador Tuma para investigar contratos da estatal com organizações não-governamentais ligadas ao PT. Com a indicação do filho, o pedido ficaria de molho.
Delegado classe especial da Polícia Civil, Tuma Júnior diz ainda ser "ridícula a especulação" de que o suposto acordo envolveu também o voto contrário do senador à cassação de Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Dou risada quando leio isso nos jornais. Quem me conhece, sabe do meu preparo para assumir o cargo", afirma Tuma Júnior, que é casado, tem três filhos e uma neta.

 

FOLHA - Qual será a prioridade do sr. na Secretaria Nacional de Justiça?
ROMEU TUMA JR. -
Darei ênfase ao combate à corrupção e à lavagem de dinheiro, especialmente na recuperação de ativos. Vou buscar uma integração efetiva entre as polícias, os Poderes Judiciários e os Ministérios Públicos. No âmbito exterior, o Brasil tem muitos acordos bilaterais. Quero alguma coisa mais grandiosa, fazer com que os países busquem uma legislação uniforme no combate à lavagem e na recuperação de ativos, para que os paraísos fiscais ajudem nesse sentido.

FOLHA - E como pretende convencer países como o Líbano, que está muito distante de uma cooperação?
TUMA JR. -
Vou buscar um diálogo cotidiano, um convencimento nesses fóruns internacional. Quero mostrar que o combate à lavagem de dinheiro é tão importante quanto o combate ao terrorismo. Sei que outros secretários já tentaram, mas cada um que passa bota um tijolo a mais. Será feita ainda uma legislação para o combate ao tráfico de pessoas. Tenho experiência nessa área. Quando fui comissionado na Polícia Federal, há cerca de 15 anos, fiz a primeira operação contra o tráfico internacional de mulheres.

FOLHA - Foi seu pai, ex-superintendente da PF, que o indicou à época?
TUMA JR. -
Não teve interferência do meu pai. Um grupo de delegados foi "emprestado" para a PF. Eu estava junto.

FOLHA - E para o atual cargo na Secretaria Nacional de Justiça, houve interferência de seu pai?
TUMA JR. -
Dou risada quando leio isso. Quem conhece a minha atuação profissional e a forma como penso sabe que tenho um puta orgulho de ser filho de quem sou, não me desmerece em nada. Nunca assumiria um cargo dessa magnitude, que exige qualificação profissional, por indicação política. Sempre fui contra isso. Nunca contratei alguém por indicação política. Sem competência, queima a pessoa e o padrinho.

FOLHA - O sr. acha que a sua indicação é uma tentativa de o governo garantir o apoio de seu pai?
TUMA JR. -
Dizer que a minha indicação foi uma troca política é ridículo. Dizem que meu pai teria a obrigação de me indicar para o cargo, mas não me indicou. Estou bravo com ele. [Risos] Isso é ridículo. Recebi o convite do ministro Tarso Genro. Aceitei. Bati um papo com o pai Romeu Tuma e comuniquei o fato ao senador Romeu Tuma.

FOLHA - O sr. acha que seu pai vai colocar de molho a CPI da Petrobras?
TUMA JR. -
Eu valho muito mais do que uma CPI. Acho um absurdo falar em troca. A minha vida é independente da dele. Ele jamais trocaria uma CPI por um cargo. É ridículo. E eu jamais aceitaria qualquer cargo, nem de ministro, sabendo que era por uma negociata.

FOLHA - O sr. pretende imprimir seu estilo policial na secretaria?
TUMA JR. -
A experiência policial sempre é um handicap para tratar de temas técnicos. A experiência vai me ajudar.


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