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ANÁLISE
Apoio do PSDB sinaliza rumo de Covas em 2002
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DO PAINEL
A nota oficial divulgada
pelo PSDB de São Paulo, de
repúdio a Paulo Maluf e recomendação de voto em
Marta Suplicy, tem um alcance político que vai além
das eleições municipais.
O próprio PT foi tomado
de surpresa, sobretudo depois que lideranças nacionais do PSDB haviam se dividido entre a neutralidade e
o apoio individual a Marta.
Mário Covas os atropelou.
Em sintonia com o ministro
José Serra, o governador,
grande artífice da tomada de
posição dos tucanos, devolve em dobro a ajuda que teve
do PT em 98 e abre espaços
em pelo menos três frentes:
1) coloca o PSDB paulista
na condição de co-partícipe
do enterro anunciado do
malufismo, tirando a exclusividade da glória das mãos
do PT; 2) reafirma suas diferenças em relação ao governo federal e sobretudo a
FHC (que, por conveniências várias de sua aliança de
"a" a "z", alimentou Maluf até
pelo menos 98); e 3) sinaliza
o caminho que gostaria ver o
partido tomar em 2002.
O PT, é óbvio, continua
sendo um adversário político do PSDB, com a nota oficial e Covas deixaram claro.
Não é, portanto, uma eventual aproximação de Lula
que está em jogo, mas antes
o perfil da aliança que o governador imagina ser a melhor para derrotar o PT e, ao
mesmo tempo, reafirmar os
compromissos com as reformas sociais que o tucanato
jogou fora pela janela.
O PMDB, com quem Serra
cultiva um namoro no plano
federal, sai indiretamente
fortalecido do gesto de Covas, na condição de aliado
preferencial para 2002.
Vale lembrar que o governador declarou recentemente, no programa "Roda Viva", que não vê o PFL como
parceiro dos tucanos uma
vez encerrada a era FHC.
Não se deve tomar a declaração ao pé da letra, mas
com um grão de sal. Menos
do que a exclusão do PFL do
triunvirato governista, o que
está em jogo é o lugar de cada parceiro na composição
da aliança, que todos
-PSDB, PMDB e PFL-
acreditam ser necessária para a sobrevida de cada um.
Covas polariza, agora de
maneira mais explícita, com
o governador Tasso Jereissati, que, derrotado em Fortaleza ao lado de Ciro Gomes
(PPS), saiu dizendo que Antonio Carlos Magalhães havia sido o grande vencedor
das eleições municipais.
Até onde se vê, a vitória de
ACM se restringe ao curral
baiano e não será capaz de
reverter o esvaziamento de
sua influência nacional, mais
evidente conforme se avizinha o fim de seu mandato na
presidência do Senado.
A FHC não interessa precipitar, nem é de seu estilo,
uma definição entre os dois
nomes do PSDB que disputam espaço para se viabilizarem como possíveis sucessores do reino: Tasso e Serra.
O primeiro, do agrado do
PFL, tem antes de tudo um
pacto de lealdade com Ciro.
Jogam em dupla. O segundo,
opção do PMDB, parece ter
acertado os ponteiros com o
governador paulista, que começou a interferir de fato no
jogo. Isso no caso de que não
seja ele próprio, Covas, o nome de consenso do tucanato,
apesar da insistência com
que repete que vai pendurar
as chuteiras em 2002 no portal dos Bandeirantes.
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