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"Efeito eleição" faz
21% do eleitorado
simpatizar com PT
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O bom desempenho nas últimas
duas eleições, em 1998 e 2000, ajudou o PT a se consolidar como o
partido de maior penetração junto ao eleitorado nacional. Segundo pesquisa Datafolha nacional
realizada em 18 de setembro, 21%
dos brasileiros aptos a votar declaram preferência pelo Partido
dos Trabalhadores.
O PMDB, que até março de 1998
liderava o ranking nacional de
partidos, aparece agora em 2º lugar, com 12% das preferências.
Em seguida vêm PFL com 5%,
PSDB com 3%, PDT e PTB, ambos com 2%.
A pesquisa ajuda a entender um
dos fatores que estimulam parlamentares a mudar constantemente de legenda, como se viu no troca-troca partidário ocorrido durante a semana. Mais da metade
do eleitorado (53%) declara não
ter simpatia especial por nenhum
dos partidos (leia texto abaixo).
O crescimento do PT coincide
com o calendário eleitoral. Até o
final de 1998, ano da última eleição presidencial e para o Congresso, os simpatizantes petistas somavam cerca de 12% do total de
brasileiros aptos a votar. A partir
do resultado do pleito, que elegeu
o maior número de congressistas
e governadores petistas desde a
fundação da legenda, a preferência em relação ao partido começou a crescer.
É certo que esse crescimento
também deve ter sido influenciado pela desvalorização do real
(em janeiro de 1999) e pela crise
econômica que se sucedeu. Esse
primeiro movimento de alta, embalado pela rejeição ao governo
Fernando Henrique Cardoso, durou até junho de 1999, quando os
simpatizantes petistas chegaram a
bater em 18%. Mas ele não se sustentou, e a penetração do PT voltou aos 15% do eleitorado.
A partir do segundo semestre de
2000, entretanto, quando a campanha para as eleições municipais
esquentou, o percentual de eleitores que declaram preferência pelo
PT deu um salto. Com os resultados eleitorais mostrando vitórias
petistas em cidades como São
Paulo, Porto Alegre e Recife, o
grau de influência petista bateu
em 21%, sua marca recorde, em
dezembro de 2000. Desde então,
vem mantendo-se nesse patamar.
Trajetória peemedebista
O PMDB, que foi o partido com
maior número de simpatizantes
do país por uma década, teve uma
trajetória muito diferente.
Em 1989, ano da primeira eleição presidencial pós-regime militar, a sigla tinha entre 12% e 14%
do eleitorado. Apesar do fracasso
nas urnas, manteve-se à frente ao
longo do governo de Fernando
Collor e, assim como o PT, reuniu
mais simpatizantes durante o
processo de investigação e impeachment do ex-presidente. Teve seu auge durante o governo
Itamar Franco (1993), quando alcançou 19% de simpatizantes.
Caiu um pouco ao longo do primeiro mandato de FHC, mas se
manteve na primeira colocação
do ranking partidário.
Em 1998, ano da reeleição de
FHC, começou a decadência. Sem
uma liderança nacional de peso, a
sigla se transformou em uma confederação de forças regionais,
coesa pelo poder de barganha que
sua bancada parlamentar tem
junto ao governo federal. Mas esse acordo de conveniências parece ter custado caro ao PMDB: ao
longo do segundo mandato de
FHC essa preferência caiu e hoje
já chega a 12%.
Os simpatizantes do PMDB estão muito divididos na hora de indicar preferência por um dos
atuais prováveis candidatos. Nesse grupo, Lula tem uma pequena
vantagem em alguns cenários,
mas é seguido de perto por Itamar
Franco (PMDB) e Ciro. Na disputa, Roseana aumenta ainda mais a
divisão, provocando empate técnico entre os quatro presidenciáveis mais bem colocados.
Essa concorrência acirrada indica que, na hipótese de o partido
não lançar candidato, os atuais
peemedebistas tendem a se distribuir entre Lula, Ciro e Roseana.
Imagem esmaecida
Os outros dois partidos de sustentação do presidente, PFL e
PSDB, mantiveram-se ao longo
dos últimos anos dentro de uma
faixa de simpatizantes que oscila
entre 3% e 5%, no caso dos tucanos, e entre 4% e 8%, para os pefelistas. É curioso notar como as vitórias eleitorais seguidas não só
no plano federal, mas em Estados
como São Paulo e Ceará, não foram suficientes para alavancar a
popularidade do PSDB.
Projetando-se os resultados da
pesquisa Datafolha de setembro
sobre o total de eleitores, pode-se
estimar que o número de simpatizantes petistas chegue a pouco
mais de 20 milhões, contra cerca
de 10 milhões de peemedebistas, 5
milhões de pefelistas e entre 3 e 4
milhões de tucanos.
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