São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Efeito eleição" faz 21% do eleitorado simpatizar com PT

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O bom desempenho nas últimas duas eleições, em 1998 e 2000, ajudou o PT a se consolidar como o partido de maior penetração junto ao eleitorado nacional. Segundo pesquisa Datafolha nacional realizada em 18 de setembro, 21% dos brasileiros aptos a votar declaram preferência pelo Partido dos Trabalhadores.
O PMDB, que até março de 1998 liderava o ranking nacional de partidos, aparece agora em 2º lugar, com 12% das preferências. Em seguida vêm PFL com 5%, PSDB com 3%, PDT e PTB, ambos com 2%.
A pesquisa ajuda a entender um dos fatores que estimulam parlamentares a mudar constantemente de legenda, como se viu no troca-troca partidário ocorrido durante a semana. Mais da metade do eleitorado (53%) declara não ter simpatia especial por nenhum dos partidos (leia texto abaixo).
O crescimento do PT coincide com o calendário eleitoral. Até o final de 1998, ano da última eleição presidencial e para o Congresso, os simpatizantes petistas somavam cerca de 12% do total de brasileiros aptos a votar. A partir do resultado do pleito, que elegeu o maior número de congressistas e governadores petistas desde a fundação da legenda, a preferência em relação ao partido começou a crescer.
É certo que esse crescimento também deve ter sido influenciado pela desvalorização do real (em janeiro de 1999) e pela crise econômica que se sucedeu. Esse primeiro movimento de alta, embalado pela rejeição ao governo Fernando Henrique Cardoso, durou até junho de 1999, quando os simpatizantes petistas chegaram a bater em 18%. Mas ele não se sustentou, e a penetração do PT voltou aos 15% do eleitorado.
A partir do segundo semestre de 2000, entretanto, quando a campanha para as eleições municipais esquentou, o percentual de eleitores que declaram preferência pelo PT deu um salto. Com os resultados eleitorais mostrando vitórias petistas em cidades como São Paulo, Porto Alegre e Recife, o grau de influência petista bateu em 21%, sua marca recorde, em dezembro de 2000. Desde então, vem mantendo-se nesse patamar.

Trajetória peemedebista
O PMDB, que foi o partido com maior número de simpatizantes do país por uma década, teve uma trajetória muito diferente.
Em 1989, ano da primeira eleição presidencial pós-regime militar, a sigla tinha entre 12% e 14% do eleitorado. Apesar do fracasso nas urnas, manteve-se à frente ao longo do governo de Fernando Collor e, assim como o PT, reuniu mais simpatizantes durante o processo de investigação e impeachment do ex-presidente. Teve seu auge durante o governo Itamar Franco (1993), quando alcançou 19% de simpatizantes.
Caiu um pouco ao longo do primeiro mandato de FHC, mas se manteve na primeira colocação do ranking partidário.
Em 1998, ano da reeleição de FHC, começou a decadência. Sem uma liderança nacional de peso, a sigla se transformou em uma confederação de forças regionais, coesa pelo poder de barganha que sua bancada parlamentar tem junto ao governo federal. Mas esse acordo de conveniências parece ter custado caro ao PMDB: ao longo do segundo mandato de FHC essa preferência caiu e hoje já chega a 12%.
Os simpatizantes do PMDB estão muito divididos na hora de indicar preferência por um dos atuais prováveis candidatos. Nesse grupo, Lula tem uma pequena vantagem em alguns cenários, mas é seguido de perto por Itamar Franco (PMDB) e Ciro. Na disputa, Roseana aumenta ainda mais a divisão, provocando empate técnico entre os quatro presidenciáveis mais bem colocados.
Essa concorrência acirrada indica que, na hipótese de o partido não lançar candidato, os atuais peemedebistas tendem a se distribuir entre Lula, Ciro e Roseana.

Imagem esmaecida
Os outros dois partidos de sustentação do presidente, PFL e PSDB, mantiveram-se ao longo dos últimos anos dentro de uma faixa de simpatizantes que oscila entre 3% e 5%, no caso dos tucanos, e entre 4% e 8%, para os pefelistas. É curioso notar como as vitórias eleitorais seguidas não só no plano federal, mas em Estados como São Paulo e Ceará, não foram suficientes para alavancar a popularidade do PSDB.
Projetando-se os resultados da pesquisa Datafolha de setembro sobre o total de eleitores, pode-se estimar que o número de simpatizantes petistas chegue a pouco mais de 20 milhões, contra cerca de 10 milhões de peemedebistas, 5 milhões de pefelistas e entre 3 e 4 milhões de tucanos.


Texto Anterior: Eleitor tucano prefere Ciro a governistas
Próximo Texto: Saiba mais: Pesquisa ouviu 2.380 pessoas em todos os Estados
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.