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Pela primeira vez, pepebista não irá disputar o 2º turno nas eleições para governador
Maluf não admite sua maior derrota
LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo procurando demonstrar otimismo até o último minuto da campanha, o ex-prefeito
Paulo Maluf (PPB), 71, sofreu ontem sua maior derrota nas urnas.
Pela primeira vez, o pepebista,
que a cada pleito vinha amargando uma votação menor, ficou fora
do segundo turno.
O presidente estadual do PPB,
Jesse Ribeiro, deu a senha da derrota malufista ainda ontem, por
volta das 16h, quando afirmou
não acreditar nas pesquisas de
boca-de-urna. Em eleições passadas, cada resultado positivo era
comemorado antecipadamente.
Maluf, no entanto, seguiu até o
final sua velha estratégia: com o
maior desembaraço, falou de sua
ida ao segundo turno e até calculou que iria obter cerca de 1,5 milhão de votos a mais do que José
Genoino (PT).
"Tenho conversado com militantes de todo o Estado. Eles me
informaram que o PT recebeu
poucos votos", disse um confiante Maluf, ao lado dos netos, em
frente à sua casa.
Mas, logo após a divulgação das
pesquisas de boca-de-urna apontando a ida de José Genoino para
o segundo turno, Maluf evitou
voltar a falar com jornalistas. À
noite, só apareceu para divulgar o
resultado da apuração de quatro
urnas do Clube Atlético Paulistano, onde aparecia em segundo lugar com quase o dobro de votos
do candidato petista.
Por volta das 22 horas, sua assessoria informou que o candidato- "diante do quadro incerto"- só irá falar com os jornalistas hoje, às 10h30.
O ex-prefeito afirmou ter sofrido um "ataque sujo" por parte
dos adversários durante o primeiro turno da campanha.
"Fizeram contra mim uma
campanha tão suja, como fizeram
também com Ciro [Gomes, que se
candidatou à Presidência pelo
PPS] ou com o PT em Santo André [a gestão municipal petista é
alvo de investigação na cidade]."
Ele também comparou os ataques à situação de Roseana Sarney (PFL), que viu sua candidatura à Presidência sucumbir após a
apreensão de dinheiro em sua
empresa, no Maranhão.
"Mas tenho de agradecer a
meus eleitores que, apesar desta
campanha suja, me ajudarão a
chegar ao segundo turno", disse
Maluf à tarde, antes de conhecer o
resultado das urnas.
Na urna
Para conseguir votar, Maluf enfrentou ontem cerca de 15 minutos de fila na porta de sua sessão,
na Faculdade de Engenharia de
São Paulo (antigo Colégio Sacré
Coeur de Marie), no Jardim Europa. Oito pessoas estavam na fila,
antes dele, para votar.
Em frente à urna eletrônica, foi
um dos mais rápidos. Votou em
cerca de 30 segundos. "O número
do meu partido é 11. Então é mais
fácil para digitar. Coloca "tum
tum" e mais alguma coisa, "tum
tum" e mais alguma coisa."
Questionado sobre seu voto para a Presidência, disse que a votação é secreta.
Em sua casa, recebeu a visita de
seus familiares. "Esse é um dos
únicos dias que tenho para reunir
minha família inteira", afirmou
Maluf, que pediu para que os netos não fossem fotografados ou
filmados. Para justificar, aproveitou para alfinetar seu adversário
tucano, o governador Geraldo
Alckmin. "Não temos segurança
em São Paulo e não quero expor
os meus netos", disse.
Tempestade política
A tempestade política de Maluf
começou quando ele era ainda
prefeito de São Paulo (93-96) e viu
seu nome envolvido em uma série
de acusações de supostas irregularidades administrativas. Apesar
de judicialmente ter se livrado da
maioria das questões, não conseguiu a absolvição popular.
Por ironia, a queda da popularidade foi acentuada após o ex-prefeito fazer de Celso Pitta seu sucessor na Prefeitura de São Paulo.
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