São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pela primeira vez, pepebista não irá disputar o 2º turno nas eleições para governador

Maluf não admite sua maior derrota

LILIAN CHRISTOFOLETTI
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo procurando demonstrar otimismo até o último minuto da campanha, o ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), 71, sofreu ontem sua maior derrota nas urnas. Pela primeira vez, o pepebista, que a cada pleito vinha amargando uma votação menor, ficou fora do segundo turno.
O presidente estadual do PPB, Jesse Ribeiro, deu a senha da derrota malufista ainda ontem, por volta das 16h, quando afirmou não acreditar nas pesquisas de boca-de-urna. Em eleições passadas, cada resultado positivo era comemorado antecipadamente.
Maluf, no entanto, seguiu até o final sua velha estratégia: com o maior desembaraço, falou de sua ida ao segundo turno e até calculou que iria obter cerca de 1,5 milhão de votos a mais do que José Genoino (PT).
"Tenho conversado com militantes de todo o Estado. Eles me informaram que o PT recebeu poucos votos", disse um confiante Maluf, ao lado dos netos, em frente à sua casa.
Mas, logo após a divulgação das pesquisas de boca-de-urna apontando a ida de José Genoino para o segundo turno, Maluf evitou voltar a falar com jornalistas. À noite, só apareceu para divulgar o resultado da apuração de quatro urnas do Clube Atlético Paulistano, onde aparecia em segundo lugar com quase o dobro de votos do candidato petista.
Por volta das 22 horas, sua assessoria informou que o candidato- "diante do quadro incerto"- só irá falar com os jornalistas hoje, às 10h30.
O ex-prefeito afirmou ter sofrido um "ataque sujo" por parte dos adversários durante o primeiro turno da campanha.
"Fizeram contra mim uma campanha tão suja, como fizeram também com Ciro [Gomes, que se candidatou à Presidência pelo PPS] ou com o PT em Santo André [a gestão municipal petista é alvo de investigação na cidade]."
Ele também comparou os ataques à situação de Roseana Sarney (PFL), que viu sua candidatura à Presidência sucumbir após a apreensão de dinheiro em sua empresa, no Maranhão.
"Mas tenho de agradecer a meus eleitores que, apesar desta campanha suja, me ajudarão a chegar ao segundo turno", disse Maluf à tarde, antes de conhecer o resultado das urnas.

Na urna
Para conseguir votar, Maluf enfrentou ontem cerca de 15 minutos de fila na porta de sua sessão, na Faculdade de Engenharia de São Paulo (antigo Colégio Sacré Coeur de Marie), no Jardim Europa. Oito pessoas estavam na fila, antes dele, para votar.
Em frente à urna eletrônica, foi um dos mais rápidos. Votou em cerca de 30 segundos. "O número do meu partido é 11. Então é mais fácil para digitar. Coloca "tum tum" e mais alguma coisa, "tum tum" e mais alguma coisa."
Questionado sobre seu voto para a Presidência, disse que a votação é secreta.
Em sua casa, recebeu a visita de seus familiares. "Esse é um dos únicos dias que tenho para reunir minha família inteira", afirmou Maluf, que pediu para que os netos não fossem fotografados ou filmados. Para justificar, aproveitou para alfinetar seu adversário tucano, o governador Geraldo Alckmin. "Não temos segurança em São Paulo e não quero expor os meus netos", disse.

Tempestade política
A tempestade política de Maluf começou quando ele era ainda prefeito de São Paulo (93-96) e viu seu nome envolvido em uma série de acusações de supostas irregularidades administrativas. Apesar de judicialmente ter se livrado da maioria das questões, não conseguiu a absolvição popular.
Por ironia, a queda da popularidade foi acentuada após o ex-prefeito fazer de Celso Pitta seu sucessor na Prefeitura de São Paulo.


Texto Anterior: Assembléia de SP: PSDB e PT elegem maiores bancadas
Próximo Texto: Análise: Malufismo enfrenta decadência pós-Pitta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.