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MINAS GERAIS
Futuro governador afirma que Estado tem de deixar de ser refém nas questões do país
Aécio quer exercer liderança nacional
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUIZ DE FORA
RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Aécio Neves (PSDB), 42, foi eleito ontem o sucessor de Itamar
Franco no governo de Minas Gerais. E, antes mesmo de serem
abertas as urnas, reafirmou sua
pregação de campanha: "Minas
não vai ser refém das questões nacionais, tem que participar e conduzir as questões nacionais".
O tucano, do gabinete do Palácio da Liberdade, a sede do Executivo estadual, onde já esteve seu
avô Tancredo Neves (1910-85) na
década de 80, quer exercer uma liderança nacional, alimentando a
aura de futuro presidenciável.
Aécio, atual presidente da Câmara, se projeta como um dos
principais líderes nacionais do
PSDB, mas quer influir também
em outras siglas. Defende a governabilidade do próximo presidente, seja quem for, mas disse ainda
acreditar em José Serra. "Vou trabalhar por ele", disse.
A ampla aliança política que ele
costurou após viabilizada sua
candidatura pelo atual governador de Minas, Itamar Franco (sem
partido), será suporte para os seus
vôos. Aécio parte da premissa de
que, com uma base bem estruturada em casa, a força do Estado se
consolidaria no país.
PT
"Saberei utilizar todo esse apoio
que nos trouxe até aqui também
como governador", disse ele, referindo-se aos 12 partidos e às incontáveis lideranças políticas que
o apóiam, o que resultou na vitória com ampla vantagem sobre o
segundo colocado, Nilmário Miranda (PT) -cerca de 30 pontos
percentuais.
Ontem, após votar às 10h15 ao
lado da filha Gabriela, 11, em Belo
Horizonte, Aécio foi para Juiz de
Fora levar sua "gratidão" a Itamar
-depois ele seguiu para a fazenda da sua família na cidade de
Cláudio, de onde só sairá hoje.
O tucano e o governador percorreram de braços dados três
quarteirões até a seção onde Itamar vota. Se abraçaram e fizeram
o "V" da vitória.
Questionado se se sentia vitorioso, Itamar respondeu: "Sinto-me contente" -a afirmação incluía também a expressiva votação que teve no Estado o petista
Luiz Inácio Lula da Silva, apadrinhado por ele em Minas.
Itamar voltou a falar de Aécio
como "conciliador" e "líder". Previu que essas qualidades se tornarão mais agudas porque considera o Palácio da Liberdade "emblemático e inspirador".
O PT-MG se revelou mais forte.
Nilmário Miranda cresceu na reta
final e teve boa votação, fato tido
como uma vitória pelo partido,
que será o principal opositor de
Aécio no Estado.
"O PT é a grande surpresa da
eleição. Ninguém acreditava que
a gente chegasse em segundo lugar, muito menos que chegasse a
esse desempenho. Valeu a luta.
Ninguém pode negar que foi uma
grande vitória política do PT."
Política canhestra
Nilmário reconheceu a vitória
do tucano, mas não deixou de criticá-lo: "Tenho que parabenizar o
deputado Aécio Neves pelo desempenho, mas não vou deixar de
cobrar duas coisas: o exagero do
aparato econômico e o fato de ele
não ter comparecido a nenhum
debate, de não ter submetido suas
idéias ao confronto. Ele é competente, mas é um produto de marketing também".
A derrocada foi do atual vice-governador Newton Cardoso
(PMDB). De potencial candidato
a polarizador da disputa com Aécio, vai terminar em terceiro lugar
e com uma votação muito baixa.
Ao votar em Contagem, Newton já dava sinais da derrota. Reclamou das dificuldades e culpou
Itamar pelo seu fracasso. Ameaçou expulsar os desertores do
PMDB, mas sabe que está ameaçada a sua liderança interna.
Aécio não poupou Newton e resumiu o que representou para o
vice essa disputa: "A campanha
trouxe novidade: sepultou definitivamente uma prática política canhestra, atrasada e que não honra
a tradição de Minas".
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