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UM DIA DE FILA
Para o presidente do tribunal, dificuldades dos votantes com a urna eletrônica foi responsável pelos atrasos
Surpreso, TSE culpa eleitores por atraso
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A demora na votação, com o
surgimento de filas em várias seções do país, pegou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de surpresa e colocou em risco a expectativa do próprio órgão de rápida
apuração dos votos e divulgação
do resultado.
O presidente do tribunal, ministro Nelson Jobim, responsabilizou os eleitores pela demora.
"Em nenhuma hipótese permitiríamos, como creio que a nação
não permitiria, que qualquer cidadão por ter dificuldades manuais, de inteligência ou de cultura tenha que ser obrigado a votar
em um tempo menor. Esse cidadão será respeitado e foi. Tanto é
que tivemos a demora."
Às 20h45, segundo o próprio
TSE, ainda havia filas em seções
de pelo menos dez Estados, além
do Distrito Federal, contrariando
a perspectiva de encerramento da
votação às 17h. O Distrito Federal
e Alagoas concentravam os maiores problemas.
Apesar do atraso, o presidente
do TSE, ministro Nelson Jobim,
disse que 90% dos votos estariam
apurados e divulgados por volta
da 0h30. Na sexta, ele havia previsto que esse resultado parcial seria divulgado à meia-noite e tinha
afirmado que, com esse índice, seria possível saber se haveria ou
não segundo turno.
Jobim fez essa afirmação às 21h,
minutos depois da divulgação do
primeiro boletim da disputa presidencial, às 20h16, com 23,40%
dos votos contabilizados. Ele disse que retardou essa primeira parcial para apresentar um balanço
com índice mais elevado e evitar
que os eleitores ainda em fila fossem influenciados.
O ministro atribuiu o atraso a
dois motivos: a dificuldade do
eleitor em votar para seis cargos
em disputa, sendo dois senadores, e a impossibilidade de subdividir seções eleitorais em que há
grande número de votantes.
A lentidão, com a existência de
longas filas, foi detectada no Distrito Federal e nos seguintes Estados: Acre, Alagoas, Amazonas,
Amapá, Bahia, Ceará, Rondônia,
Piauí, São Paulo e Rio de Janeiro.
Na véspera da votação, Jobim
cancelou viagem prevista para
Santa Maria, no Rio Grande do
Sul, onde ele vota, para acompanhar do próprio TSE a votação.
Em nome do tribunal, tinham
falado antes o ministro Fernando
Neves e o secretário de Informática, Paulo Camarão.
Eles disseram que a formação
de filas estava dentro de um quadro de normalidade e fizeram um
apelo para que as emissoras de televisão retardassem para as 18h30
a divulgação de pesquisas de boca-de-urna, que poderiam ser liberadas logo após o término da
votação, previsto para as 17h.
Neves disse que tanto Lula (PT)
quanto José Serra (PSDB) pediram que fosse protelada essa divulgação para evitar que as pesquisas influenciassem os eleitores
que ainda estivessem em fila.
Jobim informou que 5.198 urnas eletrônicas precisaram ser
trocadas por falha no funcionamento, o que corresponderia a
1,62% do total das máquinas usadas em todo o país. Em outras 325
seções, o sistema informatizado
de votação teve que ser substituído pelo convencional, em que o
eleitor vota em cédula de papel.
O número é superior ao das eleições municipais de 2000, a primeira em que houve urna eletrônica em todas as seções do país.
Naquele ano, 3.549 urnas foram
trocadas em razão de defeito ou
problema de mau uso e outras 168
substituídas pelas cédulas.
Jobim descartou a suspeita de
fraude nos programas da urna.
Disse que a votação paralela confirmou a lisura da eleição.
Ele afirmou que o TSE irá apurar o tempo médio de demora de
cada eleitor para saber se o sistema criou um grau de dificuldade
maior do que o esperado. A expectativa do tribunal era que cada
eleitor gastasse 1 minuto e 15 segundos, em média.
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